Uma boa maneira de começar a dimensionar a importância do saxofonista, compositor e arranjador Moacir Santos é citando alguns de seus alunos nos anos 60: Bola Sete, Oscar Castro Neves, Paulo Moura, Maurício Einhorn, Dom Um Romão, Roberto Menescal, Dori Caymmi, o casal Airto Moreira e Flora Purim, Carlos Lyra, João Donato e Baden Powell.
Nascido no sertão do Pernambuco, o músico não sabe ao certo se foi no município de Serra Talhada ou Bom Nome, começou a batucar em latas aos dois anos de idade na banda mirim da cidadezinha de Flores onde viveu até os quatorze quando fugiu de casa sugindo da violência de seus pais adotivos (sua mãe morreu quando ele tinha apenas dois anos de idade e seu pai abandonou a família para combater o bando de Lampião) e também porque uma cidade com cinco ruas como Flores não era o ambiente ideal para expandir seus horizontes musicais.
Então de carona num caminhão de feijão partiu para Lagoa de Monteiro e depois não parou mais. Viajou por todo o nordeste vivendo também algum tempo na capital do Acre, Rio Branco onde conheceu seu professor Paixão que o levou para morar com sua família. Dado algum tempo o professor e família mudaram-se para o Recife e Moacir foi junto. Foi a primeira vez que viu o mar que o deslumbrou tanto quanto a beleza da capital pernambucana. Nunca vira tantas ruas. Viveu algum tempo na capital até que se desentendeu com Paixão e voltou a cair na estrada. Foi para o Ceará, para a Bahia onde aprendeu a ler partituras, depois Paraíba onde liderou a jazz band da Rádio Tabajara no lugar do maestro Severino Araújo, Recife de novo e finalmente Rio de Janeiro, tudo isso antes de completar dezoito anos de idade.
Na cidade maravilhosa foi logo contratado como músico da Orquestra da Rádio Nacional sendo dentro de pouco tempo promovido a maestro e arranjador. Trabalhou na rádio por dezenove anos. Viveu algum tempo em São Paulo como maestro da TV Record e logo voltou ao Rio, agora para compor trilhas sonoras para filmes e também foi assistente do compositor Ary Barroso. Uma dessas trilhas foi feita para um filme de produção norte-americana chamado “Amor no Pacífico”. O músico foi convidado pelo governo brasileiro, que pagou todas as suas despesas, a assistir o lançamento do filme na Califórnia e não voltou mais. Morando em Pasadena deu aulas particulares até ser descoberto por Horace Silver. Fez diversas trilhas como compositor fantasma, ou seja, trilhas não creditadas.
No final de 1968 foi convidado a integrar o time de compositores de Henry Mancini e quatro anos mais tarde lançava seu primeiro disco no mercado norte-americano, “Maestro”, recebendo uma indicação ao Grammy. Sua composição mais conhecida, Nanã, em parceria com Mário Telles já foi gravada mais de 150 vezes por músicos como: Kenny Burrell, Zimbo Trio e Herbie Mann.
Em 1985 abriu o primeiro Free Jazz Festival ao lado de seu colega de Rádio Nacional, Radamés Gnatalli voltando a ser homenageado pelo festival em 2001. Mesmo ano do lançamento do CD homenagem Ouro Negro.
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