quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

André ZUCCA

Os Parisienses sob a Ocupação - 1940 / 44
Exposição na Biblioteca Histórica da Cidade de Paris, entre Abril e Julho de 2008

26 fotos a cores únicas no mundo


Estas fotos encantaram-me: as pessoas vestiam-se assim quando eu era pequeno, usavam aqueles óculos e aqueles sapatos…

Temos lido muito sobre a Segunda Guerra Mundial, e a França de então. Vimos muitas fotos a preto e branco, mas estas são outra coisa! Dão-nos a sensação de “estarmos lá”. Magia da cor e talento do fotógrafo.

Claro, falta muita coisa: o sofrimento do dia-a-dia, a angústia do que vai ser o amanhã, a violência, o heroísmo.

E no entanto… não é toda a verdade, mas é parte da verdade. A ter também em conta.

Procurei na Net as melhores fotos e fiz este pequeno álbum a pensar em vocês: acho que vão gostar… O vosso irmão, pai, tio, amigo… João Barreto

Estas fotos estiveram expostas muito recentemente em Paris. Levantaram muita celeuma e um aceso debate público, alegadamente porque apresentam uma versão falsa dos quatro anos da Ocupação alemã da França, na Segunda Guerra Mundial.

As fotos mostrariam, segundo se afirmou, um povo indiferente aos horrores da guerra, pessoas passeando tranquilamente nas ruas, vivendo uma vidinha sossegada, enquanto decorria um conflito cheio de violência e de atrocidades.

O vereador da cultura de Paris, Christophe Girard, exigiu que fosse encerrada.

Biblioteca Histórica da Cidade de Paris

Mas o director da Biblioteca de Paris, Jean Derens, recusou o encerramento, dizendo que “isso representaria uma forma de censura, impedindo as pessoas de apreciarem estas obras excepcionais” e assim formarem a sua própria opinião.

Cartaz da exposição, posteriormente mandado retirar

O “maire” Bertrand Delanoé, presidente do município, finalmente decidiu que a exposição prosseguiria, mas incluindo 20 painéis com explicações redigidas pelo historiador Jean-Pierre Azéma.

E para dar uma satisfação aos protestatários mandou retirar da vista do público todos os cartazes relativos ao evento.

Azéma


Só para quem não se lembra: A França foi invadida em Maio de 1940 pela Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, que decorreu de 1939 a 1945.

























Derrotada a França, foi ela ocupada militarmente primeiro em cerca de dois terços do seu território, e, depois de Dezembro de 1942, na totalidade.
Os alemães controlavam rigorosamente os movimentos dos civis e estabeleceram severas restrições económicas.




Hitler impôs um regime de direita autoritária e anti-democrática, colaborante com o invasor, encabeçado pelo Marechal Pétain e liderado quase todo o tempo pelo primeiro ministro Laval.

Pétain (esquerda) e Laval (direita)


O sistema político era ultraconservador e muito repressivo, com frequentes rusgas da polícia secreta e da Milícia.



A política anti-semita foi posta em prática: os judeus foram obrigados a usar a estrela amarela sobre a roupa. Muitos deles foram perseguidos, deportados e mortos.

Entre muitas perseguições, foi especialmente dramática a prisão de milhares de judeus no Vélodrome d’Hiver,

Velhos, doentes e crianças passaram terrivelmente, e muitos foram arrastados para a morte.




Ao princípio Pétain tinha alguma popularidade, mas ela foi-se perdendo com o multiplicar das execuções e com o recrutamento obrigatório de jovens para irem trabalhar na Alemanha.




Por essa razão organizaram-se poderosos movimentos clandestinos de resistência, comandados do exterior pelo general De Gaulle. Muitos dos seus militantes, como Jean Moulin, foram presos e torturados.

De Inglaterra, o general De Gaulle apelou ao combate e comandou a Resistência



Soldados alemães - chez Maxim’s

Entretanto, alguns alemães e alguns franceses passavam bastante bem, ou até enriqueciam enormemente com o mercado negro.


As pessoas sonhavam com o dia da Libertação, que só haveria de chegar no verão de 1944

Apesar de todas as restrições, os franceses tentavam ter esperança e por vezes conseguiam viver momentos de alegria.

Era preciso viver o dia-a-dia… Esta é já uma foto de André Zucca, com o seu incomparável poder de síntese.

O Canto encantado

Aguardando o solstício de 21dez12