segunda-feira, 19 de março de 2012

Stan Getz 1927 - 1991 (imagens: Mundial de Pintura Corporal)

O crítico musical Alain Gerber coloca Stan Getz entre os cinco saxtenoristas verdadeiramente revolucionários da história do jazz (os outros seriam Coleman Hawkins, Lester Young, Sonny Rollins e John Coltrane). De fato, existe base para tal julgamento. Nos anos cinqüenta Getz foi o tenorista máximo, e é um dos artífices do cool jazz. Se posteriormente outros nomes vieram a assumir o primeiro plano, Getz nunca deixou de ser grandemente respeitado pelos colegas, pelos críticos e pelo público. Não é à toa que ganhou o apelido de "The Sound". Técnico consumado de seu instrumento, estilista impecável e improvisador inspirado, Getz possuía um timbre puro e uma fluidez inigualável no fraseado.

Tendo começado a trabalhar em 1947 na orquestra de Tommy de Carlo, viu-se na companhia de outros três sax-tenores - Zoot Sims, Jimmy Giuffre e Herbie Steward - que possuíam uma abordagem semelhante e uma sonoridade afim. Embora raro, o conceito de ter dentro de um conjunto quatro solistas para o mesmo instrumento deu excepcionalmente certo. O entrosamento era tal que os quatro foram apelidados de "The Four Brothers". Woody Herman - sempre perspicaz na caça aos bons valores - contratou Getz, Sims e Steward para sua orquestra; o quarto "irmão" ficou sendo o sax-barítono Serge Chaloff. Durante a sua permanência com Woody, foram marcantes a gravação do tema de Giuffre, "Four Brothers", e o solo de Getz em "Early Autumn". Quando deixou a orquestra de Herman, em 1949, Getz já possuía renome e passou a tocar como líder em pequenos conjuntos. A idéia dos "irmãos" continuou numa gravação com os tenoristas Sims, Al Cohn, Allen Eager e Brew Moore. Nas décadas seguintes, Getz fez inúmeras turnês pela Europa, especialmente na Escandinávia, inclusive morando ali por alguns anos. Tocou junto com Chet Baker e Gerry Mulligan - como ele, expoentes do cool jazz.

Getz teve uma relação sólida com a bossa nova: seu disco com João Gilberto foi um grande sucesso comercial nos anos sessenta e se tornou cult - para não falar nos seus outros discos de música brasileira e na presença constante de temas brasileiros em seu repertório, ao longo de décadas.

Getz pode ser considerado em certo sentido um discípulo de Lester Young, pelo menos no que se refere ao som e à articulação, e isso já foi repetido por muitos críticos. Mas também é bem mais do que isso. Por exemplo, mesmo nas baladas emotivas, Getz mantinha uma total objetividade. Aquilo que outros solistas poderiam transformar em carga emocional, Getz transformava em elementos estéticos objetivos. E Getz não era apenas um músico cool. Assim como acontecia com Gerry Mulligan - e até em maior grau - ele foi influenciado pelo bebop (tocou inclusive com Dizzy Gillespie). Suas improvisações nos temas em andamento rápido são de tirar o fôlego, seja pelo virtuosismo, seja pelas idéias surpreendentes.
Confira:
Donald L. Maggin. Stan Getz: A Life in Jazz. Nova York, Williams Morrow and Company, 1996.
V.A. Bezerra, 2001








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