domingo, 2 de setembro de 2012

Tambores de SAFO

Chora a floresta, a floresta chora, Chora a floresta mas o governo não olha. Refrão da música-poesia criado por Brigida Souza, integrante das Tambores de Safo Se o corpo, se o corpo, se o corpo é da mulher, ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser, inclusive pra outra mulher. Trecho do Funk da Solução, Música de autoria de Lila M. e Lídia Rodrigues, integrantes das Tambores de Safo.     A nossa luta é todo dia,somos mulheres e não mercadorias A nossa luta é por respeito Mulher não é só bunda e peito Nós, Tambores, durante o Ato, tiramos nossas blusas como forma de protesto, como sempre fazemos em cortejos e no nosso espetáculo, na apresentação da música A Carne, que é de autoria do Marcelo Yuka, Ulisses Cappelletti e Seu Jorge e que tem como interprete principal a cantora Elza Soares. O fato de protestarmos de "peito aberto" causou um grande interesse da mídia, que deu grande destaque a participação das Tambores de Safo no Ato das Mulheres. No momento em que tiramos a blusa, fomos cercadas por diversos fotógrafos e repórteres pedindo entrevistas, mas não nos intimidamos e seguimos assim até o final do Ato. Aparecemos no mesmo dia em telejornais de diversas emissoras de televisão, fomos capa de alguns jornais no dia seguinte e em muitos outros haviam reportagens sobre nós. A notícia se espalhou pela Casa Feminista e arredores, fazendo com que os jornais se esgotassem nas bancas mais próximas. Fomos procuradas pela imprensa de diversos meios de comunicação após a Cúpula, tendo aspectos positivos, como a oportunidade de visibilizar os ideais feministas em rede nacional, e negativos, como a tentativa machista e capitalista de transformar o nosso ato em mais uma forma de mercantilização do corpo da mulher, lidando conosco como se fossemos mercadorias. Devido a isso, fomos bastante seletivas nas entrevistas dadas, aceitando as que queriam abordar o assunto com enfoque político e recusando inúmeras propostas de meios de comunicação renomados. Devido a manipulação de entrevistas dadas por nós a alguns meios de comunicação, chegando a deturpar seu conteúdo, a AMB em parceria com as Tambores de Safo, criaram uma nota para a imprensa como forma de repúdio a tentativa de transformar um Ato político anti-machista, anti-capitalista, anti-patriarcal no seu oposto. O link abaixo é a carta a imprensa postada nesse mesmo blog: http://tamboresdesafo.blogspot.com.br/2012/06/nota-imprensa.html Brigida Safo foi uma poetisa grega que viveu na cidade lésbia de Mitilene, ativo centro cultural no século VII a.C.. Nascida algures entre 630 e 612 a.C., foi muito respeitada e apreciada durante a Antiguidade, sendo considerada "a décima musa". No entanto, sua poesia, devido ao conteúdo erótico, sofreu censura na Idade Média por parte dos monges copistas, e o que restou de sua obra foram escassos fragmentos. A biografia de Safo (Psappha, como a própria assinava no dialeto eólico) é um tanto controversa. Muito do que se diz a seu respeito está envolto em lendas (inclusive suas relações com mulheres). Nasceu em Eresos, uma cidade da fértil ilha grega de Lesbos, entre 630 e 612 a.C., tendo mudado-se para Mitilene, sua capital e principal cidade, ainda menina. Já em 593 a.C. figurava dentre os aristocratas deportados para a cidade de Pirra (também na ilha de Lesbos) por conspiração. Safo já tomava parte da vida pública (na política e na poesia) aos 19 anos. O ditador Pítaco, temendo-lhe a escrita, condenou-a a um exílio mais distante, fora da ilha de Lesbos. Sobre tal exílio: Era Pitaco ditador de Mitilene, a maior das cinco cidades de Lesbos. Os comerciantes e cidadãos menos abastados derrubaram a aristocracia, fazendo de Pitaco o ditador, nos moldes do seu contemporâneo e amigo Sólon. Tentando a retomada do poder, os aristocratas conspiram, e são novamente derrotados, sendo exilados seus líderes, dentre os quais o poeta Alceu e Safo. Alceu teria sido um poeta que mesclara sua arte com a política, num estilo todo próprio que se diz alcaico e teria sido, certamente, mais conhecido não tivesse ao lado a grandeza de Safo. No primeiro exílio, em Pirra, consta que Alceu tenha lhe enviado um convite amoroso: "Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me impede." Não se sabe se este affair teve consequências, mas que Safo respondera-lhe, então: "Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses". Alceu dedicou-lhe muitas odes e serenatas. Por volta de 591 a.C. parte para a Sicília. Naquela época casou-se com um rico comerciante de Andros que, falecendo em breve, deixou-lhe uma rica herança e uma filha, Cleis, que a mãe assim definia: "dourada flor que eu não trocaria por toda a Lídia, nem pela formosa Lesbos". Após cinco anos exilada, volta para Lesbos, onde logo se torna a líder da sociedade local, no plano intelectual. Sedutora, não dotada da beleza na concepção grega da época (embora Sócrates a houvesse denominado "A Bela"), Safo era baixa e magra, olhos e cabelos negros, e de refinada elegância, viúva e vivendo numa sociedade que não tinha regras morais como hoje se concebem. Concebeu Safo uma escola para moças, onde lecionaria a poesia, dança e música - considerada a primeira "escola de aperfeiçoamento" da história. Ali as discípulas eram chamadas de hetairai (amigas) e não alunas. A mestra apaixona-se por suas amigas, todas. Dentre elas, aquela que viria a tornar-se sua maior amante, Atis - a favorita, que descrevia sua mestra como vestida em ouro e púrpura, coroada de flores. Mas Atis apaixona-se por um moço e, com ciúmes, Safo dedica-lhe os versos: "Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado, te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer dentro do meu peito! Pois basta que, por um instante, eu te veja para que, como por magia, minha voz emudeça; sim, basta isso, para que minha língua se paralise, e eu sinta sob a carne impalpável fogo a incendiar-me as entranhas. Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas soa-me aos ouvidos; o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (…). A aluna foi retirada da escola por seus pais, e Safo escreve que "seria bem melhor para mim se tivesse morrido". Tantos milênios passaram-se após a vida desta figura feminina excepcional, que a humanidade viveu momentos de glória e desprezo sobre sua arte e personalidade. Em 1073 suas obras, junto com as de Alceu, foram queimadas em Constantinopla e em Roma. Mas foram redescobertas poesias dela em 1897. Safo foi chamada de "cortesã" (prostituta), por Suidas. E contavam que havia se suicidado pulando de um precipício na ilha de Leucas, apaixonada pelo marinheiro Faonte - fato que é descrito também em Menandro, Estrabão e Ovídio. Mas há consenso de que isto seja verdadeiramente mítico. Escritos sobreviventes dão Safo como tendo atingindo a velhice, e o certo é que não se sabe como nem quando ela morreu, sendo considerada por alguns a maior de todas as poetisas. Sua poesia era considerada das mais sublimes. Dentre os gregos que lhe foram contemporâneos e pósteros, Safo era considerada uma dos chamados "Nove Poetas Líricos" (os outros eram: Álcman, Alceu, Estesícoro, Íbico, Anacreonte, Simônides, Píndaroe Baquílides). Estrabão escrevera que "Safo era maravilhosa pois em todos os tempos que temos conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético." Assim como Homero era conhecido como "o Poeta", Safo era conhecida como "a Poetisa". Narram, ainda, os historiadores, que tendo Excetides declamado um canto de louvor a Safo para Sólon, seu tio, este pediu que o moço o ensinasse todo, de tanto que o agradou. Alguém então perguntou-lhe para quê queria tal coisa, ao que o célebre jurista respondeu: "Quero aprendê-lo, e depois morrer!" Mas nenhum epigrama foi mais próximo ao êxtase que seus versos provocavam do que este: Há quem afirme serem nove as musas. Que erro! Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima? — Platão peça teatral “Safo” de Patrícia Vilela, parceira do projeto “Na Gandaia”. ‘Safo’ traz história grega para metrópole paulistana atual. Solo é inspirado no poema ‘Safo ou o Suicídio’, da escritora francesa Marguerite Yourcenar. Muito antes do solo Safo, que estreia amanhã nos Satyros, o dramaturgo e fundador do grupo Ivam Cabral já havia se debruçado sobre a obra e a vida dessa poetiza nascida em 650 a.C. na ilha grega de Lesbos. Em parceria com Patrícia Aguille – atriz poderosa que depois faria todos os cinco espetáculos de Os Sertões no Teatro Oficina, ele escreveu Sappho de Lesbos na década de 90. Era um espetáculo para 13 atrizes com coro e estrutura de tragédia grega. Sappho fez temporada em Lisboa e na sede do grupo, na Praça Roosevelt, em São Paulo. Numa de suas idas a Curitiba – cidade onde o Satyros já manteve uma sede, Ivam Cabral soube que uma atriz interpretava Safo numa montagem local e, curioso, foi ver. “Era outra Patricia, a Vilela, e gostei do trabalho.” Recentemente, reencontrou a atriz que lhe pediu um texto sobre a poetiza. “De imediato recusei, achei excessivo voltar ao tema, mas lembrei do poema de Safo ou o Suicídio, publicado em seu livro Fogos. É uma atualização, ela faz da personagem uma trapezista.” Com essa inspiração, decidiu criar um novo texto, não totalmente realista, com um toque de fantástico, quase que na intersecção entre o anterior, de sua autoria, e o da escritora francesa. Assim, a Safo vivida por Patricia Vilela é a poetiza grega nascida em Lesbos, que viaja no tempo até a metrópole paulistana dos nossos dias. “Ela é bailarina, tem uma academia, como na Grécia tinha sua escola para preparar as moças para o casamento”, diz Ivam. Ali, conhece a jovem Átis, por quem se apaixona. “É um solo sobre o amor.” Há humor sobretudo nas citações a nomes, como da crítica de dança do Estado Helena Katz. Clipping publicado no Caderno 2 do jornal Estado de São Paulo, no dia 17set2011. Autora: Beth Néspoli. Em 1827 é publicada a série de desenhos de Girodet sobre a vida de Safo, gravados por seu aluno Chatillon e acompanhados de uma biografia da poetisa por seu amigo Coupin.

O Canto encantado

Aguardando o solstício de 21dez12