quinta-feira, 5 de junho de 2008

Michel FOUCAULT


Poitiers, 15 de outubro de 1926 — Paris, 25 de junho de 1984) foi um importante filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France desde 1970 a 1984. Suas idéias notáveis envolvem o biopoder e a sociedade disciplinar, sendo seu pensamento influenciado por Nietzsche, Heidegger, Althusser e Canguilhem.

As obras, desde a História da Loucura até a História da sexualidade (a qual não pôde completar devido a sua morte) situam-se dentro de uma filosofia do conhecimento.

As teorias sobre o saber, o poder e o sujeito romperam com as concepções modernas destes termos, motivo pelo qual é considerado por certos autores, contrariando a própria opinião de si mesmo, um pós-moderno. Os primeiros trabalhos (História da Loucura, O Nascimento da Clínica, As Palavras e as Coisas, A Arqueologia do Saber) seguem uma linha pós-estruturalista, o que não impede que seja considerado geralmente como um estruturalista devido a obras posteriores como Vigiar e Punir e A História da Sexualidade. Além desses livros, são publicadas hoje em dia transcrições de seus cursos realizados no Collège de France e inúmeras entrevistas, que auxiliam na introdução ao pensamento deste autor.

Foucault trata principalmente do tema do poder, rompendo com as concepções clássicas deste termo. Para ele, o poder não pode ser localizado em uma instituição ou no Estado, o que tornaria impossível a "tomada de poder" proposta pelos marxistas.

O poder não é considerado como algo que o indivíduo cede a um soberano (concepção contratual jurídico-política), mas sim como uma relação de forças. Ao ser relação, o poder está em todas as partes, uma pessoa está atravessada por relações de poder, não pode ser considerada independente delas. Para Foucault, o poder não somente reprime, mas também produz efeitos de verdade e saber, constituindo verdades, práticas e subjetividades.

Para analisar o poder, Foucault estuda o poder disciplinar e o biopoder, e os dispositivos da loucura e da sexualidade. Para isto, em lugar de uma análise histórica, realiza uma genealogia, um estudo histórico que não busca uma origem única e causal, mas que se baseia no estudo das multiplicidades e das lutas.

Também abriu novos campos no estudo da história e da epistemologia.

As criticas e análises feitas por Foucault (1979) são pertinentes principalmente em relação ao significado de categorias de análise como soberania; mecanismos de poder; efeitos de verdade, regras de poder; etc., categorias essas de fundamental importância para a análise e compreensão do funcionamento do Estado e dos problemas cotidianos do homem comum.

Foucault (1979) renega os modos tradicionais de analisar o poder e procura realizar suas análises não de forma dedutiva e sim indutiva, por isso passou a ter como objeto de análise não categorias superiores e abstratas de análise tal como questões do que é o poder, o que o origina e tantos outros elementos teóricos, voltando-se para elementos mais periféricos do sistema total, isto, é, passou-se a interessar-se pelos locais onde a lei é efetivada realmente. Hospitais psiquiátricos, forças policiais, etc, sãos os locais preferidos do pensador para a compreensão das forças reais em ação e as quais devemos realmente nos preocupar, compreender e buscar renovar constantemente.

Segundo este pensamento, devemos compreender que a lei é uma verdade "construída" de acordo com as necessidades do poder, em suma, do sistema econômico vigente, sistema, atualmente, preocupado principalmente com a produção de mais-valia econômica e mais-valia cultural, tal como explicado por Guattari (1993).

O poder em qualquer sociedade precisa de um delimitação formal, precisa ser justificado de forma abstrata o suficiente para que seja introjetada psicologicamente, a nível macro social, como uma verdade a priori, universal.

Desta necessidade, desenvolvem-se a regras do direito, surgindo, portanto, os elementos necessários para a produção, transmissão e oficialização de "verdades".

"O poder precisa da produção de discursos de verdade (p.180), como diria Foucault (1979). O poder não é fechado, ele estabelece relações múltiplas de poder, caracterizando e constituindo o corpo social e, para que não desmorone, necessita de uma produção, acumulação, uma circulação e um funcionamento de um discurso sólido e convincente.

"Somos obrigados pelo poder a produzir verdade", nos confessa o pensador, "somos obrigados ou condenados a confessar a verdade ou encontrá-la (…) Estamos submetidos à verdade também no sentido em que ela é a lei, e produz o discurso da verdade que decide, transmite e reproduz, pelo menos em parte, efeitos de poder (p.180)."

Portanto a análise das relações de poder não devem ser centradas no estudo dos seus mecanismos gerais e seus efeitos constantes, e sim realizar sua analise pelos "elementos periféricos" do sistema do poder.

Devemos estudar onde estão as, "práticas reais e efetivas; estudar o poder em sua face externa, onde ele se relaciona direta e imediatamente com aquilo que podemos chamar provisoriamente de seu objeto (…) onde ele se implanta e produz efeitos reais (…) como funcionam as coisas ao nível do processo de sujeição ou dos processos contínuos e ininterruptos que sujeitam corpos, dirigem gestos, regem os comportamentos (Foucault, 1979, p.182)".

"Trata-se (…) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações (…) captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam (…) Em outras palavras, captar o poder na extremidade de cada vez menos jurídica de seu exercício (Foucault, 1979, p.182)."

Michel Foucault viveu sua homossexualidade ao lado do companheiro Daniel Defert. Seu amante de longos vinte anos, dez anos mais novo que o filósofo, mas de fôlego intelectual intenso. Defert ainda vive e milita contra a AIDS ou SIDA.
Em junho de 1984, em função de complicações provocadas pela AIDS, Foucault tem septicemia, o que o leva à morte por supuração cerebral.

Michel Foucault é um dos autores cuja influência mais se faz sentir no pensamento actual. A multiplicidade dos seus interesses, inseparável da recusa da filosofia e crítica do saber disciplinar, fazem dele um autor inclassificável, revelando o que o seu pensamento tem de exigente.

O conjunto de textos reunidos neste pequeno volume tem hoje maior oportunidade do que quando da sua publicação, inserindo-se numa via que o próprio Foucault ajudou a abrir. Essa via tem a ver com o problema do sujeito, e a sua relação com a escrita, não simplesmente como problema estético mas enquanto forma de experiência moderna. Abrangendo todas as etapas do pensamento de Foucault, o conjunto dos textos dá uma visão da sua maneira de trabalhar, permitindo simultaneamente apreender a complexidade da problematização da subjectividade.

Michel licenciou-se em Filosofia em 1948 na Sorbonne e em Psicologia em 1952 mas é com a publicação da sua tese de doutoramento, intitulada Histoire de la Folie à l’Âge Classique (1961), que começa uma carreira ímpar em todo o pensamento contemporâneo, sendo nomeado em 1970 professor da cadeira de Histórias e Sistemas do Pensamento do Collège de France. Investigador imaginativo e fecundo, até à sua morte publicou numerosas obras, de que destacamos apenas as seguintes:

Raymond Roussel (1963), Naissance de la Clinique: une Archéologie du Regard Médical (1963), Les Mots et les Choses: une Archéologie des Sciences Humaines (1966), L’Archéologie du Savoir (1969), L’Ordre du Discours (1971), Surveiller et Punir: Naissance de la Prison (1975), La Volonté de Savoir (1976), L’Usage des Plaisirs (1984), Le Souci de Soi (1984). A sua morte repentina impediu-o de publicar uma série de importantes estudos que ainda se encontram inéditos.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá, gostaria de sugerir link para o site Slow Food Brasil, pois nele tem muita informação em português sobre o Slow Food: www.slowfoodbrasil.com

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