terça-feira, 17 de junho de 2008

A lógica da tendência de cores no mundo



Existem tendências mundiais para cores em todos os segmentos. Elas estão disponíveis a todas as culturas, já que hoje a globalização oferece e cobra esta inserção e tem tornado as barreiras culturais muito tênues.

Os estilos regionais, radicais ou quase "sagrados" para algumas culturas ainda existem, mas estão cada vez mais sendo conjugados com as tendências mundiais.

Por exemplo: uma advogada muçulmana - ela se veste com roupas ocidentalizadas, dentro das tendências dominantes, mas tampa seu rosto, usa roupas mais compridas, véus, burkas, etc. Na verdade, não é uma adaptação, mas uma conjugação. Hospitais de Londres oferecem burkas e camisolas em estilos especiais para pacientes muçulmanos, nas cores adequadas às necessidades hospitalares.

Na arquitetura das regiões mais exóticas, em relação aos padrões ocidentais, também vemos adaptações, mas ainda estão mais voltadas aos ambientes empresariais e hotelaria, onde naturalmente o investimento se relaciona ao público externo, principalmente o ocidental.

Aí se observa a necessidade de se adaptarem para adequarem-se ao gosto e conforto ocidental, seu público alvo.

Em todas as culturas vai haver a opção por seguir uma tendência oferecida ou não.

Quanto mais radical ou fechada essa cultura, menos se alterará. Mas o que se nota é a diminuição dessas barreiras.

As tendências mundiais de cores são determinadas considerando-se aspectos relevantes para todo o aspecto comercial, inclusive a oferta ou carência de determinados pigmentos no mercado.

Os produtores de materiais de construção, acabamento e decoração, entre outros, vão todos querer compartilhar das mesmas tendências até para que haja uma sincronia comercial.

Existem profissionais que andam na contramão das tendências, criando seus próprios estilos sem se preocuparem com opinião alguma e encontram restrições na oferta de matérias-primas, cores e outros itens do mercado.

E existem os formadores de opinião, que vão ditar tendências a partir, geralmente, da oferta de cores e materiais do mercado. Há também aqueles que ainda não têm autonomia para tanto e seguem as tais tendências mundiais.

Quando uma tendência de cores é determinada, tudo à sua volta passa a fazer parte de uma mesma linha de pensamento, ou “inspiração”.

Por exemplo: num determinado momento os ambientes vermelhos foram estimulados a serem combinados com madeiras claras, pátinas, estofados brancos e sintéticos, metais foscos. Já num segundo momento, o vermelho em outras tonalidades poderão vir estimulados em combinações com madeiras escuras, rádicas, pedras, estofados em fibras naturais, metais niquelados.

Essa estimulação geralmente é influenciada pela maior disponibilidade dos materiais e pigmentos encontrados na época. Pode-se observar que isso virá a influenciar também o cinema, a TV, o vestuário, ilustrações, etc.



Arquitetura promocional

Temos como fazer ajustes nas tonalidades das cores, na maioria das vezes, para que os ambientes comerciais que precisem estar “linkados” mais fielmente às tendências, não deixem de cumprir sua principal função: estimular psicologicamente o bem estar e a motivação do usuário.

Há um conflito entre tendência de cores, que é anual, e a psicologia das cores, que é freqüente, no que diz respeito ao uso na arquitetura.

Por exemplo: se a cor do ano é o amarelo, isso fará que um arquiteto use esta cor no projeto de uma loja, ou outro estabelecimento? Ou ele usará uma cor que tem uma função para aquele espaço?

Podemos fazer ajustes, entretanto, se observarmos as grandes feiras de design e arquitetura que ditam tendências, vamos ver que são oferecidos produtos em quase todas as cores, mudando de ano para ano apenas suas tonalidades, com a finalidade de não suprimir nenhuma cor do leque de tendências.

Por exemplo: ficamos vários anos girando em torno dos “verde-limão” com “roxo avioletado”. Depois veio uma forte onda de “verde-petróleo”, na mesma fase extensa do “berinjela”. Depois o verde-limão voltou só que bem mais amarelado, como o “verde-abacate”.

Não deixaremos de ter verdes, acredito que nunca. Isso seria uma insanidade, pois seria como se verduras como a couve ou a alface saíssem de moda! Precisamos das cores como “vitaminas” para nossa alma, de onde vem todo o nosso bem ou mal estar!



As cores são mensagens que enviamos e recebemos, ou seja, são códigos de uma linguagem não-verbal. Relacionamento comercial se baseia muito mais em linguagem não-verbal, indireta, do que direta.

As cores falam por si do estilo da empresa, expressam o produto, atraem o público-alvo e estimulam seu funcionário levando bem estar, motivação, valorização, competitividade, boa comunicação, bom relacionamento, atenção, zelo, seriedade, descontração, enfim, tudo o que quiser levar efetivamente, sem precisar de uma “circular” para exigir isso.

Gostaria de ressaltar que arquitetos e designers de interiores são como terapeutas através dos ambientes e que as cores são poderosos remédios à nossa disposição.

Só precisamos saber usá-los e indicá-los na dose precisa! À medida que vejo, há muitos anos, os resultados positivos da aplicação das cores nos ambientes comerciais, industriais, enfim, corporativos, me disponho mais e mais a tentar quebrar rótulos e mostrar que a dependência dos modismos é uma forma de restrição de qualidade e criatividade.



Para usar as cores em ambientes promocionais com criatividade e sem perder a coerência, temos quatro valores que precisamos oferecer em nossa Programação Cromática:

- O VALOR PSICOLÓGICO e COMPORTAMENTAL que a cor vai agregar ao ambiente e aos seus usuários, estimulando as intenções da empresa, a motivação dos funcionários e a atração do cliente.

- O VALOR ESTÉTICO, sempre associado à logomarca da empresa e ao seu estilo no mercado para identificar-se com o público certo, enviando mensagem específica.

- A FUNCIONALIDADE, onde as cores podem melhorar ou prejudicar aspectos naturais do ambiente, manutenção, etc. A cor precisa também ser empregada com revestimento adequado.

- A COMUNICAÇÃO DE MERCADO, fazendo com que a empresa se expresse ou “se promova” pela sua identidade visual, atingindo o público certo, com as mensagens certas, perpetuando sua imagem.

De tudo o que falamos aqui, o mais importante é o seguinte: “Mais importante do que usar belas cores é usá-las bem”.

Veja também as respostas de Bete Branco a algumas questões específicas.



Bete Branco é estilista, designer e consultora de cores no Rio de Janeiro. Tem administrado vários cursos sobre cores, é autora de vários projetos e concedeu entrevistas para vários órgãos de imprensa. Conheça mais assuntos abordados pela autora em seu site: www.betebranco.com.br.

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