terça-feira, 17 de junho de 2008

A visão de cor

Se fizermos a pergunta "O que é cor?", muitas pessoas não saberão responder. Por mais que as cores façam parte da vida da grande maioria das pessoas, dar a sua definição parece ser um tanto complicado.

E você, saberia responder essa pergunta? Se a resposta é não, fique tranquilo - você não é o único. Muitos profissionais que lidam com cores carecem de mais informações sobre este fator tão importante em seu trabalho, algo que parece tão simples, mas que envolve muitas variáveis.

Podemos dizer que cor nada mais é do que uma sensação visual causada pela luz refletida por algum objeto. Para entender isto melhor, vamos falar de três fatores fundamentais para enxergamos uma cor: luz, objeto e observador. Se faltar um destes, não há como você ver uma cor. Vamos entender por quê.



Sem luz é impossível enxergar a cor

A luz se propaga em ondas, assim como os raios ultravioleta, infravermelhos, raios X, microondas, supersônicos e outros. As ondas de rádio possuem quilômetros de extensão, já o raio gama tem um dos menores comprimentos de ondas, que é de 10-14 metros. As ondas da luz viajam em uma linha reta a 300.000 Km por segundo.

Para classificar essas ondas foi criado um Espectro Eletromagnético, que tem como objetivo relacionar todas as ondas existentes. Abaixo, alguns comprimentos de onda.

Como todas as ondas de energia, a luz possui diferentes frequências que determinam as cores. No entanto, de todas essas ondas do Espectro Eletromagnético, o olho humano enxerga apenas uma parte minúscula, que vai de 400 a 700 nanômetros (bilionésima parte do metro). Podemos ver na figura abaixo os comprimentos e as medidas das cores. O azul violeta se encontra na região dos 400 nm a 500 nm, o verde fica entre 500 nm a 600 nm e o vermelho, de 600 nm a 700 nm.

Estas três faixas de cor juntas formam a luz branca que, quando projetada em algum objeto, reflete a cor. Se uma luz branca for projetada em um prisma, o resultado será a difusão das cores, como acontece em um arco-íris. Essa experiência foi feita por Isaac Newton, que afirmou: “O prisma não muda a cor da luz branca, decompõe-na em suas partes constitutivas simples, as quais, combinando-se de novo, produzem o branco inicial.” Assim, a luz é essencial para conseguirmos enxergar as cores.

O objeto não possui luz própria

Dos três itens que são necessários para enxergar a cor, o objeto é o mais dependente dos outros. Apesar de ele possuir em si a cor, é necessário que ele seja iluminado e que alguém o observe para que então a cor possa ser vista. O objeto não possui luz própria, por isso é necessário que haja uma fonte de luz que faça com que ele transmita a cor.

Na realidade, o objeto apenas reflete ou absorve a luz que chega até ele. Por exemplo: se temos um objeto branco e projetarmos uma luz branca sobre ele, serão refletidas todas as frequências da luz e enxergaremos a cor branca.

Se o objeto for preto, ele vai absorver toda a luz que chega nele e, se a luz é absorvida, não transmite nada ao observador. Portanto, enxergaremos a cor preta.



Mas então, como vemos o vermelho, por exemplo? Aprendemos que a luz pode ser dividida em três cores principais: vermelho, verde e azul violeta.

Quando temos um objeto vermelho, a luz reflete apenas os comprimentos de ondas do vermelho, absorvendo as ondas do verde e do azul violeta. No caso do cyan, a luz refletida é o verde e o azul violeta, e o vermelho é absorvido.

Assim funciona com cada cor. Veja:



Olho x Equipamento

O olho humano é um dos únicos que enxerga cor. Por exemplo, os olhos dos cachorros não têm a mesma estrutura dos nossos olhos e só vêem diferenças entre luminosidade, ou seja, claro e escuro. Isso acontece porque o olho humano possui o que chamamos de células Cones. Essas células são o que nos dá a percepção de cores, pois captam as cores vermelha, verde e azul violeta e mandam as informações ao nosso cérebro, nos dando a sensação das cores.

Contudo, para medir e comparar as cores, não podemos confiar nos nossos olhos, pois cada pessoa enxerga de maneira diferente. Existem limitações no nosso sistema visual (olhos + cérebro) como a fadiga visual, daltonismo e outros problemas de visão, pobre memória de cor, idade e até mesmo o ambiente e a iluminação, que contribuem para que busquemos outras formas de medir cores.

Por isso, utilizamos instrumentos de medição, como espectrofotômetros e espectrodensitômetros, que fazem leituras precisas de qualquer cor.

Apesar de alguns profissionais ainda terem resistência para adotar o seu uso, estes equipamentos têm sido cada vez mais essenciais para se ter um controle preciso da cor. Neste caso, o equipamento se torna o observador.

Os espectrofotômetros e espectrodensitômetros possuem uma luz própria e utilizam valores numéricos para identificar as cores. Estes valores são obtidos através da Colorimetria, que é a ciência que estuda a cor e seus fenômenos.

Através de estudos são definidos métodos para estabelecer valores numéricos da cor, facilitando a identificação de cada uma delas.

Estes valores são definidos através dos três atributos da cor, que são: tom, saturação e luminosidade. Olhe ao redor e veja quantas cores diferentes você enxerga. Com certeza não será possível contar o número de cores, mas, a não ser que você seja daltônico, enxergará todas elas.

Agora você já sabe que a cor que vê não passa de uma sensação proveniente da luz refletida pelo objeto, que chega ao seu olho. Saber disso é o primeiro passo para controlar as cores no seu trabalho.



José Ilo Fernandes Junior é técnico em Artes Gráficas, com especialização em Pré-Impressão, no Senai Theobaldo de Nigris. É técnico na área de suporte técnico para tintas imobiliárias e artes gráficas (pré-impressão) da Coralis.

É também colaborador nos cursos de Colorimetria e Gerenciamento de Cores ministrados na empresa. Escreveu ainda outros artigos técnicos relacionados ao tema. Veja mais informações sobre cores no site: www.coralis.com.br.

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