terça-feira, 13 de maio de 2008

Matiz, luminosidade e saturação na perfeita simetria das cores



As combinações que podem ser produzidas a partir de um único matiz foi o foco da apresentação realizada pelo designer gráfico Nelson Bavaresco, promovida pela Associação Pró-Cor do Brasil dia 18/3, no auditório da FIESP.

Falando para uma platéia constituída por arquitetos e designers, além de outros profissionais da área de tintas e de cores, o palestrante, que também é membro dos conselhos científicos da Pró-Cor e do Istituto Del Colore, de Milão, além de coordenador do SCC – Sistema de Cores Cecor, Bavaresco exemplificou como é feita a identificação do matiz, ou seja, da cor viva, que pode ser tanto uma cor pura ou uma mistura.

O número de matizes, em um sistema cromático, de acordo com o palestrante, sempre será múltiplo de três, já que esta é a quantidade de cores primárias, com as quais podemos formar as secundarias, terciárias, quaternárias etc. “Mesmo a mistura de duas secundárias oferece sempre um novo matiz, como as ‘cores terras’, por exemplo,” diz.

Depois de selecionar a cor viva que deseja trabalhar, é hora de conhecer os princípios da luminosidade e da saturação. “Uma cor não pode ultrapassar a sua saturação máxima, mesmo no computador.

A partir desse ponto, ela somente pode ser ‘desaturada’, ou seja, ficar mais fraca e transparente. Já a luminosidade é medida por meio da quantidade de preto ou de branco adicionada, deixando a cor mais clara ou mais escura”, explica. Ambas produzem o mesmo efeito tonal e, em geral, estão quase sempre entrelaçadas. Toda cor possui um certo nível de saturação e de luminosidade, propriedades que, dentro de um matiz qualquer, definem uma nuança em particular.

Para destacar esses conceitos, o palestrante ilustrou a apresentação com um diagrama triangular mostrando um matiz de azul decomposto em 100 pontos de cor, degradado para o branco e o preto, proporcionando um efeito “ton sur ton” na tabela.



A harmonia das nuances pode ser gerada com a seleção de apenas alguns pontos de cor no diagrama de um único matiz. No caso de seis pontos, para 12 matizes (originando 72 cores), essa seleção poderá formar mais de 100 mil combinações. “Para que exista um contraste entre as tonalidades, as nuanças escolhidas devem estar situadas entre as cores vivas, neutras, claras e escuras”, exemplifica.

Partindo do pressuposto de que sem luz, não há cor, Nelson Bavaresco instigou os presentes questionando se era possível misturar tintas no escuro.

Com a memória, podemos imaginar o resultado da experiência, porém, sem exatidão. E, com essa discussão, ampliou a temática do debate para a identificação das cores pelo olhar. “A visão humana distingue melhor o ‘chiaroscuro’ de uma única cor do que entre matizes muito próximos um do outro, especialmente entre aqueles com o mesmo nível de luminosidade e de saturação.

A explicação mais provável para isso é que existe na retina uma quantidade muito maior de fotorreceptores (bastonetes) que detectam o claro/escuro, necessários para a chamada ‘visão noturna’, enquanto os fotorreceptores que detectam a visão cromática (cones) são em menor quantidade”, observa.

A segunda parte da apresentação teve como principal elemento a demonstração prática dos assuntos discutidos. O designer gráfico dispôs o material sobre a mesa e retomou os conceitos-chave de matiz, de luminosidade e de saturação.

Na primeira experiência, misturou em um copo transparente com água limpa, algumas gotas de pigmento vermelho puro. Quanto mais pigmento era adicionado ao recipiente, a composição ia adquirindo um tom mais avermelhado, fixando, para a platéia, o significado da transparência na saturação.

“Alguns artistas utilizam a água para enfraquecer a tinta acrílica e formar a aquarela. Ou seja, a cor perde o seu poder de cobertura”, enfatiza. Já para demonstrar as diferenças na luminosidade, em um novo copo com água, foi incluído o pigmento na cor preta. Assim, o conceito de claro e escuro pôde ser comprovado.



Por último, demonstrou a mistura do pigmento vermelho com tinta branca opaca, evidenciando a diferença entre a transparência e a cobertura.

“A harmonia das cores que podemos formular a partir dos matizes, nos auxilia a ofertar outras cores no mercado”, conta o químico da Tintas Coral, Marco Antônio, um dos participantes da palestra. “Cada vez mais percebo como cor é um assunto interessante e profundo. O tópico discutido hoje foi gostoso de aprender.

Consigo ver as tintas e as cores de uma maneira mais íntima”, completa a arquiteta Adriana Nogueira.

A palestra de Nelson Bavaresco contou com o apoio do Sitivesp (Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo), da Artesp (Associação dos Revendedores de Tintas do Estado de São Paulo) e do Sistema de Cores Cecor.

Reportagem de Priscila Roque, publicada no site www.procor.com.br

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