segunda-feira, 14 de abril de 2008
Adhemar Ferreira da Silva - Helsinque 1952
Nasceu em São Paulo, 29set1927 – 12jan2001) atleta brasileiro, primeiro bicampeão olímpico do país. Conquistou as medalhas de ouro no salto triplo nos Jogos de Helsinque 1952 e de Melbourne 1956. Em 2012, foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo. Ele é o único brasileiro a representar o país no salão da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), criado como parte das celebrações pelo centenário da instituição. Adhemar começou a competir em 1947. Nesse ano, conversando com José Márcio Cato, da equipe de atletismo do São Paulo, ele gostou da sonoridade da palavra atleta e resolveu começar a praticar o esporte defendendo a camisa do São Paulo Futebol Clube. Achei a palavra atleta bonita e decidi que queria ser um. Sua primeira competição foi no Troféu Brasil em 1947, obtendo a marca de 13,05 metros. É pentacampeão sulamericano e tricampeão pan-americano (1951, 1955 e 1959). Venceu o campeonato luso-brasileiro, em Lisboa em 1960. Foi dez vezes campeão brasileiro, tendo mais de quarenta títulos e troféus internacionais.
Adhemar não conseguiu um bom resultado nos Jogos de Londres, ficando apenas em 14º lugar. Mas nas Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia, em 1952, quando ele entrou na pista para disputar o salto triplo, não imaginava bater o recorde mundial que na época era de 16 metros, muito menos repetir o feito por quatro vezes na mesma tarde. Saltou 16,05 m, 16,09 m, 16,12 m e 16,22 m. Pela primeira vez, um atleta deu uma volta olímpica na pista, para ser aplaudido de perto pelo público. Antes da prova, ele pediu à cozinheira finlandesa, que conhecera, um prato especial para sua volta: bife com salada. Ao voltar, Adhemar encontrou o prato e um bolo com a inscrição "16,22". Em Melbourne 1956, dois dias antes da prova uma dor de dente terrível ameaçou o desempenho do atleta brasileiro mas uma providencial ida ao dentista para uma punção resolveu o problema. Depois de um duelo com o islandês Vilhjálmur Einarsson, Adhemar consagrou-se campeão, tornando-se o até então único bicampeão brasileiro olímpico, com a marca de 16,35 metros. Ele só seria igualado 48 anos depois pelos iatistas Robert Scheidt, Torben Grael, Marcelo Ferreira e pelos jogadores de voleibol Giovanni e Maurício, todos bicampeões olímpicos em Atenas 2004.
Homenagem a Adhemar em memorial localizado no estádio Morumbi. Por problemas pulmonares não diagnosticados pelos médicos, ele nem passou das eliminatórias em Roma, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1960. Desde os 16 anos, e mesmo durante seu dias de glória, Adhemar fumava um maço de cigarros por dia. Em 1993, recebeu o título de Herói de Helsinque, junto com Emil Zatopek e em 2000 foi agraciado pelo COB com o Mérito Olímpico.
Adhemar também foi um escultor formado pela Escola Técnica Federal de São Paulo (1948),Educação Física na Escola do Exército, Direito na Universidade do Brasil (1968) e Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero (1990). Foi adido cultural na embaixada brasileira em Lagos, Nigéria, entre 1964 e 1967. Em 1956, foi ator na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes e no filme franco-italiano Orfeu Negro, de 1962, feito a partir do texto teatral, que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro. No escudo do São Paulo Futebol Clube as duas estrelas douradas que estão na parte de cima foram adotadas em sua homenagem. Elas se referem aos recordes mundiais batidos por ele em Helsinque 1952 e nos Jogos Panamericanos da Cidade do México em 1955, quando conseguiu a melhor marca de sua vida, 16, 56m. Adhemar se transferiu para o carioca Club de Regatas Vasco da Gama em 1955 e por ele encerrou sua carreira em 1960. Vencedor até a sua última prova, encerrou sua última competição oficial como campeão carioca no salto triplo com a marca de 15,58 m, disputada no Estádio Célio de Barros em 1out1960. Os saltos de Adhemar inauguraram a mitológica tradição brasileira nas provas de salto triplo. Depois dele, surgiram Nelson Prudêncio, prata na Cidade do México 1968 e bronze em Munique 1972, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, bronze em Montreal 1976 e Moscou 1980 e ex-recordista mundial, e Jadel Gregório, atual recordista brasileiro e sul-americano, com 17,90m.
Destaques em Helsinque 1952
No país dos maiores fundistas da história olímpica, nada mais apropriado que o mais sensacional feito dos Jogos viesse também de um corredor de longas distâncias. O tcheco Emil Zatopek conseguiu uma façanha jamais igualada, ao vencer as provas dos 5.000m, 10.000m e a Maratona numa mesma Olimpíada, somando um total de quatro medalhas de ouro no atletismo com a conquistada em Londres nos Jogos anteriores.
Helsinque registrou a presença em Jogos Olímpicos, pela primeira vez, da União Soviética, que, por reflexo da Guerra Fria então existente, instalou-se numa vila olímpica separada. A primeira medalha de ouro soviética em Jogos foi ganha por Nina Romashkova, no lançamento de disco e a equipe feminina de ginástica encantou o mundo conquistando facilmente a sua primeira medalha de ouro por equipes na modalidade, façanha que repetiria por oito Olimpíadas consecutivas.
O carpinteiro sueco Lars Hall sagrou-se o primeiro campeão olímpico não-militar do pentatlo moderno.
O poster oficial dos Jogos traz a imagem do maior atleta olímpico finlandês de todos os tempos, Paavo Nurmi, correndo, esculpida em bronze.
A fabulosa seleção húngara de futebol liderada por Ferenc Puskas conquistou o título olímpico e continuaria maravilhando o mundo até perder a final da Copa do Mundo para a RFA dois anos depois, na Suíça. A Hungria, um país com apenas dez milhões de habitantes, conseguiu a extraordinária façanha de ganhar 45 medalhas nestes Jogos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da URSS.
Sete anos após o término da II Guerra Mundial, a Alemanha pôde novamente participar dos Jogos, mas apenas alemães da parte ocidental competiram.
Josy Barthel, do pequenino Luxemburgo, provocou a maior surpresa dos Jogos ao vencer a prova dos 1500m no atletismo e conquistar a que até hoje é a única medalha de ouro do seu país.
Trinta e dois anos após a estréia do Brasil nas Olimpíadas em Antuérpia 1920 e da conquista de até então sua única medalha de ouro olímpica, o saltador paulista Adhemar Ferreira da Silva conquista sua primeira vitória no salto triplo e o segundo do país, quebrando o recorde olímpico e mundial três vezes no processo. Uma curiosidade histórica sobre Adhemar é pouco conhecida pela posteridade, apesar de ter se tornado um costume universal no esporte. Extasiados com a performance daquele gigante negro desconhecido de um país longínquo, os torcedores finlandeses aplaudiam e gritavam entusiasticamente seu nome por todo o estádio, instando-o a estar com eles. Vagarosamente então Adhemar começou a andar pela pista sorrindo e agradecendo os frenéticos aplausos. Cada vez mais incentivado a seguir em frente pela massa que o chamava e queria vê-o de perto, Adhemar começou a trotar ao mesmo tempo em que acenava para a multidão e assim foi trotando em volta de todo o estádio olímpico. Inconscientemente, o campeão brasileiro criava ali a chamada volta olímpica, que nos anos seguintes e até nossos dias passaria a ser usada comumente pelos campeões de todos os esportes para saudar o público após suas vitórias.
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