Detentor de um dos mais exóticos sons de saxofone, Farrell (Pharoah) Sanders projetou-se no meio musical ao ser convidado por John Coltrane para participar de sua banda, apos tê-lo ouvido ao lado de seu primeiro conjunto, que contava com John Hicks ao piano, Wilbur Ware ao contrabaixo e Billy Higgins à bateria, em uma apresentação no Village Gate em Nova Iorque.
Vindo de uma familia musical - seus pais eram ambos professores de música - Sanders começou a tocar clarinete ainda aos seis anos, passando pelo piano e pela bateria, finalmente optando pelo sax tenor seguindo a sugestão do maestro da banda de seu colégio, Jimmy Cannon. Foi Cannon quem expôs o jovem Pharoah ao jazz, incluindo entre seus primeiros favoritos James Moody, Sonny Rollins, Charlie Parker e John Coltrane. Ainda adolescente, em sua cidade natal, participa de shows de R&B, e pouco tempo mais tarde, ao graduar-se no colégio, ruma para Oakland, na Califórnia, para estudar música e circular em um meio mais fértil e promissor.
Em pouco tempo fica conhecido no meio musical de Oakland como “Little Rock” (o nome de sua cidade natal), tocando bebop, R&B e free jazz ao lado de figuras importantes da região como o saxofonista Dewey Redman.
Em 1961 decide tentar a sorte na “Big Apple”, mas não é bem sucedido a princípio, e tem de penhorar seu instrumento e viver de “bicos”, dormindo muitas vezes em estações de metrô. Os ventos melhoram e Sanders toca esporadicamente ao lado de Sun Ra, Don Cherry e Billy Higgins - com quem, dois anos mais tarde, formaria o quarteto que impressionou Coltrane no Village Gate.
A colaboração entre Coltrane e Sanders é uma das mais controversas do jazz. Juntos, extrapolaram os limites do free jazz, abandonando qualquer conceito tradicional do jazz, como o swing e a harmonia funcional, em prol de estruturas irregulares e sons dissonantes. Sanders trouxe ao grupo de Coltrane a força que lhe faltava.
Mais ou menos na mesma época, grava seu primeiro disco como líder pelo selo ESP, mantendo sua colaboração com o grupo de Coltrane mesmo depois de sua morte em 1967, quando este passou a ser tocado por sua viúva Alice Coltrane. No final dos anos 60 e começo dos 70, atravessa um período bastante produtivo, gravando vários álbuns para as gravadoras Impulse e Arista e, nos anos 80, grava em selos independentes como Theresa, Evidence e Timeless. Em 1995 volta finalmente ao mainstream ao gravar em um selo grande (a Verve Records) seus discos Message from Home, Save our Children e Spirits.
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