terça-feira, 29 de abril de 2008
Elifas Andreato, artista plástico
Elifas Andreato é, talvez, o mais importante artista gráfico do Brasil. Sua trajetória, dentro das artes nacionais, é única: saiu de uma condição miserável no interior do Paraná, conviveu com o analfabetismo até a adolescência, foi operário e militante político perseguido pela ditadura. Sem instrução formal tornou-se referência no meio intelectual e artístico do país. E, sem nunca ter passado por um banco de escola, Elifas Andreato chegou a ser professor de Artes na USP.
Sua grande contribuição à cultura nacional, porém, data de 1970, quando o jovem artista, apaixonado por música brasileira, foi responsável pelo projeto gráfico da coleção História da MPB, que marcaria época pela Editora Abril. Os LPs eram vendidos em bancas de revistas, mas chamavam mais atenção os encartes que os acompanhavam. Traziam uma diagramação revolucionária para a época e eram feitos após rodadas de chope e de sinuca, que Elifas promovia com os compositores a quem ia retratar. Isso serviu para que o jovem paranaense conhecesse intimamente os artistas a quem estava retratando, imprimindo nelas a personalidade de cada um.
Foram quase 500 capas de lá para cá. De Pixinguinha à Zeca Pagodinho, praticamente todos os compositores e cantores do Brasil tiveram o privilégio de contar com uma obra de Elifas Andreato em sua discografia. Porque uma capa assinada por Elifas deixava de ser apenas uma mera capa de disco para se converter numa pequena obra de arte.
Elifas Andreato (Rolândia, 1946) é um designer gráfico e ilustrador brasileiro.
Com mais de quarenta anos de atividade como artista plástico, Elifas é especialmente reconhecido como ilustrador de inúmeras capas de discos de vinil nos anos 70, incluindo grandes nomes da Música Popular Brasileira como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila.
O traço poético com profundo sentido social definiu os trabalhos de Elifas como um ícone de uma geração que protestava, por meio da arte, contra a ditadura militar vigente.
Da geração do vinil, Elifas foi o maior capista, chegando a produzir a capa de 362 discos, com destaque para a Ópera do Malandro, de Chico Buarque, A Rosa do Povo, de Martinho da Vila, Clementina de Jesus e A Arca de Noé, obra de Vinícius de Moraes. Elifas começou sua produção de capas em 1973, quando criou a do long-play Nervos de Aço, de Paulinho da Viola.
Além dos trabalhos genuinamente engajados, Elifas produziu e produz peças de grande qualidade artística, com projeção internacional e reconhecimento no mundo inteiro. Atualmente segue produzindo cartazes, gravuras e ilustrações, e é diretor executivo do Almanaque Brasil de Cultura Popular, revista de bordo da companhia aérea TAM.
http://www.estudioelifasandreato.com.br/
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