Nasceu em Roma, 8jul1593 – Nápoles, 1653) foi uma pintora italiana. Uma das únicas mulheres a serem mencionadas no ramo da pintura artística no barroco, sendo a primeira a possuir uma posição privilegiada. Dedicou-se a temas trágicos em que suas personagens (femininas) representam papéis de heroínas. Conforme a versão de Susan Vreeland, em seu romance sobre Artemisia Gentileschi, Artemísia foi violentada por Agostino Tassi, um assistente do ateliê do pai, e, não podendo ficar em Roma, é arranjado um casamento de conveniência. Humilhada pela Igreja, ela parte rumo à Florença, onde descobre uma excitante vida no mundo das artes na Itália do século XVII e, com o crescente sucesso de suas obras, torna-se a primeira mulher a entrar para a Academia de Arte de Florença.
Valentina Cervi viveu a pintora Artemísia Gentileschi em cinebiografia de 1997, da Miramax
Imbuída de uma dignidade inata, Artemísia foi um daqueles espíritos geniais, que só de tempos em tempos povoa a terra. Dona de um dom artístico que provinha de uma sensibilidade impar para perceber o mundo, ela precisou brigar não só contra o preconceito de gênero para afirmar-se na academia de pintura de Floresça, mas também contra o ciúme e as “panelinhas” existentes nesse meio. A concorrência era dura entre os homens, porque os artistas disputavam – nem sempre de forma muito honesta – as benesses das famílias nobres e abastadas. Era o tempo do mecenato e um artista sem um mecenas rico não ia muito longe. Para uma mulher, atrair os favores de um desses patrocinadores sem que ele cobrasse mais do que belos quadros, era uma conquista digna da mais acirrada feminista. Na ocasião em que Artemísia floresceu como artista, as mulheres eram aceitas nas academias de arte apenas como modelos para quadros e esculturas. Ela foi pioneira em buscar para as mulheres um lugar de destaque do lado oposto do cavalete. A vida pessoal atribulada contribuiu para que se transformasse numa espécie de mito. Aos 18 anos, foi estuprada por seu professor de pintura. Seu pai denunciou o agressor à corte, mas de vítima, por hábeis manobras dos juízes, Artemísia passou facilmente a ré. Foi torturada com ferramentas da Inquisição para confessar que ao invés de ter sido agredida, havia se insinuado para o professor! Saiu do julgamento com a reputação na lama e o corpo alquebrado pelos castigos físicos, mas nunca deixou de acreditar na própria arte, que conquistou até a mais poderosa família italiana do período, os Médici.
Os fatos narrados sobre o estupro, o julgamento, o casamento de conveniência que o pai a obrigou a aceitar após a violência sexual, a filha que teve com o marido arranjado, o rompimento com a família e suas inúmeras viagens de cidade em cidade em busca de patrocínio, não são propriamente novidade. As biografias oficiais da artista – até no Google – trazem esses e outros detalhes.
Mas o que Susan Vreeland faz é tecer com a imaginação de boa contadora de histórias, as motivações pessoais que levaram Artemísia a escolher os caminhos que percorreu na vida. Ela vai além da cronologia dos fatos e explora, por exemplo, os dilemas de mãe e artista, em conflito eterno entre cuidar da filha e deixar-se envolver pelo turbilhão criativo. Paradoxo aliás, que aproxima essa mulher que viveu há quatro séculos, das mães de agora. Através de descrições minuciosas dos quadros de Artemísia Gentileschi que sobreviveram à corrosão do tempo, Vreeland teoriza sobre a alma dessa mulher que tinha tudo para ter sido engolida pela vida, mas que decidiu beber até a última gota da taça de amarguras que lhe foi legada, usando uma metáfora bem renascentista, e extraiu de cada adversidade a matéria-prima de sua aclamada expressão artística. Ao longo da vida, Artemísia transformou suas dores em quadros de nus femininos – outra revolução para a época, porque os nus dela eram a máxima expressão da realidade -, metáfora para o desamparo e a superação diária das mulheres vivendo em um mundo cruelmente masculino em seu tempo e, de certa, em todos os tempos antes e depois dela.
Link para arquivo de imagens (.PPT) da artista:
http://www.4shared.com/file/NoJ2b35N/Artemisia_Gentileschi.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário