quinta-feira, 16 de abril de 2009

Heráclito de Éfeso - 500 a.C.

... TODAS AS COISAS ESTÃO EM CONTÍNUA MUTAÇÃO ...

Heráclito de Éfeso (datas aproximadas: 540 a.C. - 470 a.C. em Éfeso, na Jônia) foi um filósofo pré-socrático, recebeu o cognome de "pai da dialética". Problematiza a questão do devir (mudança). Recebeu a alcunha de "Obscuro", pois desprezava a plebe, recusou-se a participar da política (que era essencial aos gregos), e tinha também desprezo pelos poetas, filósofos e pela religião. Sua alcunha derivou-se principalmente devido ao livro (Sobre a Natureza) que escreveu com um estilo obscuro, próximo a sentenças oraculares.

Sobre a vida de Heráclito, Diógenes Laércio nos relata: “Heráclito, filho de Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da 69ª Olimpíada (504-501 aC). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos outros”.

Em outra passagem, o mesmo Diógenes nos conta: “Retirado no templo de Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes:
De que vos admirais, perversos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a República convosco?

E, por fim, tornado misantropo e retirando-se, vivia nas montanhas, alimentando-se de ervas e plantas.”

Usando sempre de hipocrisia, Heráclito ridicularizava o conhecimento dos médicos e dos físicos de sua época. Sobre as circunstâncias de como ocorreu a sua morte, Diógenes Laércio assim nos conta: “Hermipo, porém, conta que ele (Heráclito) perguntava aos médicos se alguém podia, esvaziando-lhe o ventre, expelir a água.

Como negassem, deitou-se ao sol e pediu aos criados que o cobrissem com esterco. Assim deitado, faleceu no dia seguinte e foi sepultado na praça pública. Neantes de Cizico afirma que, tendo sido impossível retirá-lo de sob o esterco, lá permaneceu, e, irreconhecível pela putrefação, foi devorado pelos cães.

Os filósofos milesianos (Tales, Anaximandro, etc) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e o perecimento, mas não chegaram a problematizar a questão. Heráclito, inserido dentro do contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. "Panta rhei", sua "máxima", significa "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento. Ele exemplifica, dizendo que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que estarão lá, e a mesma pessoa já será diferente (de fato, a Biologia veio a descobrir muito mais tarde que nossas células estão em constante renovação, e isso é uma mudança).

Mas tal questão é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam, coisas úmidas secam, coisas secas umedecem, etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, que são apenas parte da realidade, e sim da mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é.

Mas essa guerra da qual fala Heráclito não tem essa conotação de violência ou algo semelhante. Tal guerra é que permite a harmonia e mesmo a paz, já que assim é possível que os contrários possam existir: "A doença faz da saúde algo agradável e bom", ou seja, se não houvesse a doença, não haveria porque valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo, ou a descida e a subida, em um caminho (pois o mesmo caminho é de descida e de subida); o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma: o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Inserido no contexto pré-socrático, Heráclito definiu, partindo de seus pressupostos (o "panta rhei" e a guerra entre os contrários) uma arché, um princípio de todas as coisas: o fogo. Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro", ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se em todas as coisas. De seus escritos restaram poucos fragmentos, (encontrados em obras posteriores), os quais geraram grande número de obras explicativas.

Segundo Heráclito, o fogo é o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e tudo flui como um rio. O cosmos é um só e nasce do fogo e de novo é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.

Em seu livro - Do Céu, Aristóteles escreve: “Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e Heráclito de Éfeso. (...) Também Heráclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz – Acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas.”

Para Heráclito, condensado o fogo se umidifica, e com mais consistência torna-se água, e esta, solidificando-se, transforma-se em terra e a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heráclito define como sendo “para baixo”.
Derretendo-se a terra obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E rarefazendo-se o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho “para cima”.

Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua, e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.

Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.

Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes evaporações. Pois a brilhante evaporação inflamando-se no círculo do Sol produz o dia, e quando a contrária prevalece produz a noite; e quando da evaporação brilhante nasce o calor faz verão, mas quando da sombra o úmido prevalece faz-se o inverno.

Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer. Deus não era nem criador, nem onipotente. Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.

“O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um.”

Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.

E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.

“Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água alma.”
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos “para baixo” e “para cima”.

BIBLIOGRAFIA: Para uma análise detalhada das questões filosóficas relativas a Heráclito, confira: SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª edição. Porto Alegre: Edipucrs, 2003, pp.167-271.

Um comentário:

Anônimo disse...

que homem ruim cruzes e nao sei porque ainda estudamos sobre ele vai ser ruim assim lá na china.melhor na AGORÁ.nao devemos falar do mortos ,mas esse quando era vivo ja era morto ,entao ,se nao conhecem9os els quando era "vivo",temos q falar agora,


ESSE HOMEM BICHO ERA MUITO RUIM....

O Canto encantado

Aguardando o solstício de 21dez12