sexta-feira, 27 de abril de 2007

Mude.weblogger.com.br


Visite o blog do Edson Marques, poeta de primeira linha, segue abaixo uma de suas obras:

MUDE

Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama.
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais,
leia outros livros,
Viva outros romances!
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.
Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado,
outra marca de sabonete,
outro creme dental.
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa,
de carteira,
de malas.
Troque de carro.
Compre novos óculos,
escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Arrume um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.

Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda!

Edson Marques.

Paquito D´Rivera - Sax Jazz Fusion / Jamboree Cubano (Imagens: Maquillage pour Chats)

Nascido na capital cubana, Havana, Paquito D’Rivera começou a tocar saxofone e clarinete aos cinco anos de idade sob a tutela de seu pai, Tito, também saxofonista e maestro de renome. Começou tocando o sax soprano mudando em seguida para o sax alto. Um ano mais tarde já se apresentava em público e aos sete assinou contrato com a Selmer, tradicional fabricante de saxofones, sendo o músico mais jovem a ser “endorser” (endossador) de um instrumento.

Aos dez anos apresentou-se no Teatro Nacional em Havana para deleite de críticos e público. Dois anos mais tarde entrou para o Conservatório de Música de Havana onde passaria os próximos cinco anos estudando composição, harmonia, técnica de instrumento, etc. Ao formar-se consegui o posto de solista na Orquestra Sinfônica Nacional Cubana. Depois de um curto período tocando no exército, Paquito D’Riveira formou com o pianista Chucho Valdés a Orquestra Cubana de Música Moderna da qual foi regente nos dois anos seguintes até deixar o grupo com mais oito integrantes para formar o Irakere.

For Leny - Paquito D´Rivera, Teatro Guaíra em 29jan2011
Em 1978 o grupo apresentou-se no Newport/New York Festival e também no festival suiço de Montreux causando frisson com sua mistura original de jazz, rock, música erudita e tradicional cubana. O Irakere foi o primeiro grupo cubano a gravar por um selo norte-americano desde a ascensão de Fidel Castro ao poder. Em meados dos anos oitenta, insatisfeito com as restrições políticas de seu país, Paquito decide deixar sua terra natal. Em 1981, em turnê pela Espanha pediu asilo na embaixada americana, mudando-se então para Nova Iorque.

No mesmo ano lançou seu disco solo "Paquito Blowin" que lhe rendeu o status de fenômeno e abriu as portas dos clubes de maior prestígio em Nova Iorque. O trompetista Dizzy Gillespie com sua conhecida generosidade com jovens talentos teve grande importância na introdução de Paquito à cena jazzística. Paquito fez suas primeiras aparições em palcos nova-iorquinos acompanhando o ícone do bebop. No ano seguinte lançou o álbum, também solo, Mariel, igualmente recebido com entusiamadas críticas.

Dois anos mais tarde, em 1984, o nome de Paquito D’Rivera começou ser reconhecido para além do meio musical e a atingir um público maior. Naquele ano teve uma apresentação sua transmitida na íntegra pela TV pública norte-americana PBS, também na TV CBS, um artigo de página inteira na revista Time e uma capa da respeitada publicação, Jazz Times.

Em 1988 Paquto foi convidado a integrar o grupo de quinze músicos allstars sob o comando de Dizzy Gillespie a United Nations Orchestra. Envolveu-se ainda em inúmeros projetos tanto como músico de jazz/cubano como de câmara, entre eles a Paquito D’Rivera Big Band e o Paquito D’Rivera Quintet, o grupo de câmara, Triangulo e ainda outro cujo repertório era centrado em rítmos latinos, como a salsa e o calypso, a Carebbean Jazz Project. Nessa época voltou à música erudita - foi nela que começou seus estudos - passando a compor para pequenas formações de câmara. Notoriamente compôs “New York Suite” para o quarteto de saxofone de Gerald Danovich e “Aires Tropicales” para a Aspen Wind Quintet.

Paquito D’Rivera já se apresentou nos mais respeitados palcos do mundo como os do Japão, Europa e nas três américas. Tocando com os maiores nomes da música internacional, entre eles, Dizzy Gillespie, Cláudio Roditi, Carmen McRea, McCoy Tyner, Toots Thielemans, James Moody, Arturo Sandoval e Benny Carter, entre muitos outros.

Sobre sua técnica um crítico de música erudita escreveu: “seja tocando Bach ou post bop, sua maestria técnica dos instrumentos e o domínio de suas capacidades expressivas é inquestionável”. E na revista Times: “o jazz “bebopiado”, romântico, salerozo e sensual que ele faz não conhece qualquer restrição política. Tem raízes tanto nos quentes rítmos latinos como nos sopros estratosféricos de Charlie Parker, John Coltrane e Lee Konitz.

1994 Warsaw - Jazz Jamboree












































Respiração Circular 1° parte - Angelino Bozzini

Professor e trompista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Publicado na Revista Weril n.º 127

"Como tocar seu instrumento de sopro sem interromper a emissão de uma nota para inspirar?"

Trechos do programa Globo Repórter - Vida de Artista - Exibido em 14/08/1995

Os instrumentistas de sopro têm uma limitação física não compartilhada por outros instrumentos: como o som é produzido naqueles a partir do movimento da coluna de ar, esse som precisa ser interrompido sempre que o músico necessita inspirar. Na música folclórica de algumas culturas, desenvolveu-se uma técnica chamada de "respiração circular"(ou "permanente", ou ainda "contínua"), pela qual o músico consegue expirar pela boca enquanto inspira pelo nariz, podendo dessa forma tocar uma nota ininterruptamente. Veremos nesta matéria como funciona essa técnica, como empregá-la musicalmente, e os prós e os contras de sua utilização.

Como funciona a Respiração Circular

O princípio dessa técnica é bem simples: você deve, no momento da inspiração, expirar com o ar previamente armazenado na sua boca. Assim que terminar a inspiração continua a expirar com o ar armazenado nos pulmões. Simples, não é? Experimente você mesmo. Pois é, andar de bicicleta também é bem simples: basta pedalar para frente movendo sempre o eixo de equilíbrio para o lado oposto do pé que está pedalando. Só que leva um tempo para aprender. Assim, não desanime, se você aprendeu a andar de bicicleta, com certeza aprenderá a fazer a respiração circular.

Como aprender a técnica de assoprar "infinitamente"

Pois bem, vamos à prática. Da mesma forma que não existe uma fórmula única ou comprovadamente eficiente para se aprender a andar de bicicleta, também para a respiração circular essa fórmula não existe. Para dominar essa técnica, seu corpo dave aprender a se conhecer melhor, ou seja, precisa desenvolver sua própria acepção do sistema respiratório, especialmente do trecho entre a garganta e a boca. Exercícios Práticos Vamos separar a parte prática em etapas distintas:

Tornar a musculatura da boca independente do processo de respiração. Relaxe e respire tranqüilamente pelo nariz.

Num ciclo completo de respiração e expiração, mantendo a boca sempre fechada, encoste a arcada dentária superior na inferior (menor área interna na boca); no próximo ciclo, afaste o máximo que puder os dentes superiores e inferiores (maior área interna na boca) sempre mantendo a boca fechada pelos lábios. Continue a respirar pelo nariz fazendo um ciclo com a boca totalmente fechada e o próximo com a boca aberta (afastando os lábios). Você deverá notar que, para poder respirar pelo nariz de boca aberta, o fundo da sua língua estará fechando a passagem de ar para a boca. Respire continuamente pelo nariz, mastigando algo. Note que o movimento da mandíbula não deve interromper ou influir no ciclo respiratório.

Fortalecer a musculatura de bochecha

Encha a boca de ar expandindo as bochechas. Mantendo uma abertura central bem pequena entre os lábios e vá empurrando o ar que está armazenado na boca para fora, utilizando conscientemente a musculatura das bochechas. Não tenha pressa; concentre-se no trabalho dos músculos. Prenda um clips de papel em um canudinho de refresco para diminuir a passagem do ar (pode-se utilizar também aqueles tubos empregados nos hospitais para administração de soro; eles possuem um regulador de saída acoplado). Encha a boca de ar e, utilizando-se da musculatura da bochecha, faça bolhas em um copo com água. Repita o exercício anterior, ajudando o trabalho das bochechas com o movimento de fechamento da mandíbula. Respirar enquanto a musculatura da boca trabalha Respire normalmente pelo nariz, mantendo a boca fechada. Enquanto respira, encha a boca de ar, estufando as bochechas e abaixando a mandíbula. Expulse lentamente o ar da boca através de uma pequena abertura entre os lábios.


Programa "Primeiro Movimento" apresentado pelo maestro Jamil Maluf

Repita o mesmo processo soprando em um canudinho em um copo d'água. O mais importante nesta etapa é cuidar para que o ato de assoprar não interfira de forma alguma com o ritmo da respiração. Repita este procedimento quantas vezes forem necessárias para que seu corpo tprne as duas ações - assoprar com a boca e respirar -independentes.

Encha a boca de ar.

Esvazie-a ao mesmo tempo em que inspira (você já experimentou mover um braço no sentido horário e o outro no sentido anti-horário? Ou bater no peito enquanto faz um movimento circular sobre a cabeça? Ou ainda reger um compasso binário com um braço e um ternário como o outro? Se você conseguir fazer alguma dessas coisas, estará utilizando o mesmo tipo de coordenação necessária para assoprar o ar contido na boca enquanto inspira pelo nariz). Tente agora controlar a saída do ar contido na boca para que ela dure exatamente:
um ciclo respiratório;
dois ciclos respiratórios;
três ciclos respiratórios

Repita o exercício anterior assoprando em um canudinho num copo com água.
Lembre-se: o importante é que o processo respiratório não interfira no trabalho da musculatura bucal!

Encadear a seqüencia
Repita os exercícios números 4 e 5 da etapa anterior, enchendo rapidamente a boca com ar tão logo ela esteja vazia. Trabalhe para que essa operação não atrapalhe o ritmo natural de sua respiração através do nariz. Você está quase chegando lá! Vá repetindo essa seqüencia de forma ao mesmo tempo precisa e relaxada. Em pouco tempo, quando menos imaginar, você estará respirando "circularmente".

Grupo Álamo - Trompa

Conjunto formado pelos trompistas da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo na década de 80. Composto por Mário Rocha, Daniel Misiuk, Ivanildo Rebouças (Cupim), Michael Alppert, Carlos Carnier (Tigrão) e Angelino Bozzini. No contrabaixo Juvenal Gelba e na bateria Paschoal Roma

Respiração Circular 2° parte (Olaria Cultural)


Publicado na Revista Weril n.º 128
Angelino Bozzini - Professor e trompista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.

Chegando ao instrumento
Assim que você tiver dominado a técnica da respiração circular, o próximo passo será aplica-la à execução de seu instrumento:

the flight of the bumble bee on a 7strings bass c/ Jeff Corallini

Comece repetindo os cinco exercícios anteriores, demonstrados na última edição da Revista Weril.
Na gaita 280C no 10 º Aniversário da HAS. A música de fundo é a versão Maksim do vôo do zangão

Dessa vez, realize-os expirando o ar contido na boca através do bocal (boquilha, embocadura ou palheta do seu instrumento). No início, não é necessário que você emita um som; o importante é cuidar para que a respiração pelo nariz continue de forma relaxada e contínua. Assim que o processo estiver automatizado, tente produzir um som no bocal. Nesse momento, tudo fica mais difícil, mas não desanime. Escolha a nota ou região que for mais fácil para você e não se preocupe, ainda, com a qualidade do som produzido. Com um pouco de prática, você conseguirá emitir um som regular através do bocal do seu instrumento. A partir daí, comece a variar a altura de maneira controlada. Alterne exercícios onde você emprega a respiração circular em notas longas com exercícios onde você a emprega no meio de uma seqüência de notas de alturas diferentes. Cuide agora da qualidade do som produzido. Assim que você estiver controlando satisfatoriamente o uso da respiração circular durante a emissão pelo bocal, pode começar a praticá-la em seu instrumento:

A princípio, pratique-a com notas longas em piano na região média do instrumento. Num segundo momento, pratique-a em estudos de escalas. Pouco a pouco, comece a variar a dinâmica. (Quanto mais forte, mais difícil de manter a nota estável durante a respiração circular). Assim que você estiver controlando com segurança o emprego da respiração circular nos exercícios, comece a aplicá-la em peças musicais. Trabalhe primeiramente com movimentos lentos de concertos ou sonatas escritas para seu instrumento. O importante aqui é adquirir a consciência sobre onde e quando utilizar a respiração circular. Em seguida, aplique-a em peças transcritas de instrumentos de corda ou teclado, como o "Moto Perpétuo" de Paganini ou o "Vôo do Besouro" de Korsakov.
Flight of the Bumble Bee - por Alexander Dmitriev

Flight of the Bumble Bee

Vale a pena lembrarmos que, para que a respiração circular tenha sucesso, é essencial que você esteja com suas narinas desobstruídas; caso contrário, você não conseguirá inspirar uma quantidade suficiente de ar, ou, se conseguir, fará tanto ruído que ela lhe será de pouca valia na sua prática musical.

A aplicação musical da respiração circular

Uma vez dominada a técnica, a tarefa mais importante é saber onde aplicá-la na sua prática musical. Em primeiro lugar, lembre-se que tocar não é um espetáculo circense; não seja exibido para os colegas que ainda não dominam essa técnica. Em segundo lugar, utilize-a só quando sua aplicação trouxer benefícios expressivos na sua interpretação, que você não obteria de uma maneira normal. Por último, tenha certeza de que você não depende da respiração circular para fazer o que tem a fazer. Se estiver com seu nariz entupido, não poderá empregá-la, e tudo o que você planejou dependendo dela poderá se tornar num fracasso.

Os prós: O "gás" que faltava para as frases longas
O Vôo da Bumble Bee - Flauta, James Galway

A partir do momento em que a respiração circular fizer parte do rol de suas habilidades técnicas, um mundo novo de possibilidades se descortinará à sua prática musical. Basicamente, podemos citar três aplicações importantes para os seus novos conhecimentos:

Frases longas: Em frases musicais muito extensas, nas quais você chegaria ao fim com uma queda da qualidade sonora por não ter ar suficiente para controlar a emissão, ou mesmo teria que interrompê-la num lugar agogicamente inadequado para poder respirar, a respiração circular permitirá que a frase seja executada do princípio ao fim com qualidade sonora e sem ser interrompida. Isso é importante, principalmente nos movimentos lentos.

Notas sustentadas por vários compassos: É comum partes orquestrais de instrumentos de sopro conterem notas longas que devem ser mantidas por vários compassos. Quando uma parte está sendo tocada por mais de um músico ao mesmo tempo, eles podem combinar para respirarem em lugares alternados, dando assim, para os ouvintes, a sensação de que a nota não foi interrompida.

Se o músico, porém, está apenas na execução de sua parte, só poderá dar essa mesma impressão ao ouvinte se respirar muito rapidamente em algum momento em que o restante da orquestra esteja tocando algum acorde forte. Já com o emprego da respiração circular, ele poderá tocar uma nota longa, independentemente de sua duração, de forma natural e musicalmente adequada. Transcrições de peças de outros instrumentos onde não há pausas para se respirar:

Um clássico exemplo desse problema acontece na peça "O Moto Perpétuo", de Paganini. Escrita originalmente para violino, foi transcrita para quase todos os instrumentos. Por ser num andamento muito rápido e não prever pausas para respiração, qualquer tentativa de respiração normal no meio da música adulteraria a concepção original do fraseado. Utilizando-se a respiração circular, pode-se executar inteiramente a peça, sem que seja necessário interromper-se a emissão sonora.

Os contras: Afinal, você é um homem ou uma máquina?

Se você conseguir dominar a técnica da respiração circular, verá que muitas coisas ficarão mais fáceis na sua vida de instrumentista. Mas, nem tudo são flores nas conquistas! No início, falamos que a incapacidade de manter um som ininterruptamente seria uma limitação física imposta aos instrumentistas de sopro, não compartilhada pelos seus colegas de outros instrumentos.

Pois é exatamente essa limitação que proporciona aos instrumentistas de sopro o que talvez seja a sua maior vantagem em relação aos seus colegas: o fraseado natural, advindo da respiração. Os professores dos instrumentos de corda ou teclado passam anos de suas vidas e gastam grande parte de sua sabedoria e energias tentando transmitir aos seus alunos uma forma "natural" e "humana" de executar as frases musicais. A grande maioria da música existente na cultura humana tem seu imaginário melódico fundado no falar e no cantar. Assim, da mesma forma que a razão humana necessita de pausas, acentos enfatizando os pontos principais e inflexões em um discurso, para torná-lo compreensível, a frase musical precisa ser logicamente articulada. Caso contrário, corre o risco de não ser musicalmente compreendida. Quem abusa da respiração circular acaba perdendo o sentido natural do fraseado melódico, chegando, no extremo, a soar como algo mecânico e inumano. Portanto, seja consciencioso na utilização da respiração circular: bem empregada ela irá expandir suas capacidades como instrumentista; abusando-se dela, sua execução poderá sofrer sérias perdas na expressividade artística.

A Respiração Circular e o Espírito

Finalizando, vale a pena lembrar que a respiração circular é utilizada em várias formas de terapia e como preparação à meditação. Praticada de forma relaxada e sem um instrumento, ela promove uma oxigenação elevada do cérebro e do corpo em geral, preparando-o para um estado privilegiado de consciência. Lembra-se da alegria que você sentiu a primeira vez em que conseguiu andar de bicicleta? Todos os tombos do aprendizado foram esquecidos naquele instante.

Você era, de repente, um herói para si mesmo. A respiração circular pode trazer-lhe essa alegria de volta. Boa sorte nos exercícios!


O projeto Tocadores surgiu em 1998 com o objetivo de documentar e divulgar tradições musicais populares. Tem em seu acervo mais de 100 horas de gravação em áudio e vídeo e mais de 4.000 imagens de artistas populares, instrumentos e festas.

Série de documentários Olaria Cultural sobre mestres e grupos da cultura popular e tradicional de Pernambuco que têm o título de Patrimônios Vivos.

Patrimônios Vivos personificam a sabedoria tradicional e são detentores genuínos do Patrimônio Cultural Imaterial. Realização: ANEGRA FILMES

LIVROS

Tocadores Portugal – Brasil: sons em movimento

Publicação de 128 páginas e 180 imagens apresenta algumas das relações entre a música tradicional dos dois países. A autora convida o leitor a conhecer aspectos da cultura portuguesa que foram trazidos ao Brasil como instrumentos musicais e festas populares, em especial a festa do Divino Espírito Santo. O livro traz também um Breve guia sonoro, bibliográfico e de websites que apresenta 170 tópicos com indicações de fontes de pesquisa nos dois países facilitando ao leitor o acesso a materiais sobre o tema.
Autora: Lia Marchi
Fotos: Zig Koch

Tocadores – homem, terra, música e cordas
Livro de arte com 336 páginas, capa dura, mais de 270 fotos lançado em 2002. Entrevistas com quarenta tocadores, versos de folia, partituras de fandango, afinações de violas e rabecas, catálogo de folias. Conta as histórias de artistas populares e traz textos dos autores e de colaboradores. Autores: Lia Marchi, Roberto Corrêa e Juliana Saenger. Indicado ao Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade (2003), do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, na categoria melhor Inventário de Acervos e Pesquisa.

Os contos tradicionais do Brasil apresentam um país rico em histórias que se perpetuavam nas narrativas transmitidas pelos avós e pais de outros tempos. Hoje, quase já não se contam essas memórias. Ao trazer para a escola um pouco destas sabedorias populares com uma atividade de contação de histórias aqui proposta, podemos despertar nos alunos o gosto pela leitura e pelas tradições do país. O repertório desta apresentação é composto por contos tradicionais brasileiros, variando conforme a faixa etária e instiga a capacidade criativa do aluno, além de mesclar arte e informação acadêmica de forma lúdica. Os contos tradicionais interligam áreas do saber com um universo que pode ser aproveitado nas disciplinas de geografia, história, artes, português, permitindo que o professor promova outras atividades a partir desta experiência.

Informações: contato@olariacultural.com.br

O Canto encantado

Aguardando o solstício de 21dez12