sexta-feira, 25 de abril de 2008
A psicologia das cores, o ambiente e o usuário
Muito mais do que as pessoas podem imaginar, as cores influenciam consideravelmente nos planos subliminar e inconsciente e, aplicadas na decoração de ambientes, constituem-se como poderosos estímulos, capazes de promover as mais diversas sensações. Definidas corretamente, elas podem representar um componente dos mais importantes para a construção de ambientes bonitos, eficientes, saudáveis e confortáveis.
O psicólogo Paulo Felix Conceição, vice-presidente da Associação Pró-Cor do Brasil e membro do conselho técnico-científico da entidade, explica que, para que haja uma melhor interação entre o ambiente e seus usuários, faz-se necessária uma correta avaliação dos fatores que compõem o espaço, tais como: tamanho, localização, posição, fluxo de pessoas, iluminação e ventilação, além de perfeito conhecimento do perfil psicológico e social das pessoas que vão habitar esse ambiente.
Paulo Felix, que está concluindo uma tese de doutorado na USP, vem se dedicando ao estudo da psicofisiologia das cores e à percepção das pessoas em relação ao estresse. Ele diz que um dos exemplos de como a percepção pode ser modificada é a decoração dos apartamentos atuais, a maioria muito pequenos. Nesse caso, as cores devem ser mais voltadas para os tons claros, que permitem produzir uma sensação de amplitude. Na situação inversa, as cores de tons escuros uma “maior proximidade”.
De acordo com o psicólogo, algumas sociedades da Europa e também na Ásia, por exemplo, o Japão, a Coréia e a China dão muito mais atenção à questão da cor por compreenderem que ela envolve componentes que podem estimular a economia e o bem estar psicológico. No Brasil, segundo ele, a cor ainda ocupa uma posição secundária, porque prevalece o entendimento de que o fator econômico é um empecilho para o bem estar psicológico.
Paulo Felix considera essa visão um engano e cita a evolução da China, que exporta para o mundo uma infinidade de produtos nem sempre de primeira necessidade e que chamam a atenção por suas cores, minuciosamente estudadas para conquistar os consumidores. Exemplo disso é o “IV Fórum Cores Asiáticas” promovido pelo Asian Color Committe (ACC), em setembro de 2007, encontro que reuniu em Beijing pesquisadores, criadores e as principais empresas asiáticas para discutir as condições de produção e o desenvolvimento das cores nas indústrias japonesas, coreanas e chinesas.
Então, uma avaliação de produto, consumidor e da cor que melhor pode chamar sua atenção tem sido um dos elementos para produzir diferencial de vendas e vantagens econômicas. E destaca a importância do apoio das instituições, dos pesquisadores e dos criadores à iniciativas como a Associação Pró-Cor do Brasil.
A cor é uma propriedade física que se manifesta pela ação da luz, mas a sua percepção pelo ser humano também envolve aspectos subjetivos, simbólicos e culturais. Algumas cores que têm um significado em uma cultura podem representar coisa completamente diferente em outra. Por exemplo, enquanto no Ocidente temos o preto para a representação do luto, no Japão, a cor que faz esse papel é o branco.
Paulo Felix explica que não se pode generalizar, principalmente ao se falar das cores, já que as variáveis que podem influenciar na definição de um caso específico são muitas – ser humano, espaço, tamanho, ventilação, utilização etc. Por outro lado, mesmo a prevalência de uma cor em particular pode ser equilibrada por sua cor complementar ou por objetos de cores análogas, de acordo com as demandas do ambiente.
Sensação das cores
Lembrando que é sempre possível escolher uma tonalidade que mais se aplica a uma determinada necessidade, mesmo pertencendo a um grupo de cores a princípio não considerado ideal, Paulo Felix citou as características básicas de algumas cores, que podem ser importantes para os profissionais que se utilizam delas como seu instrumento de trabalho.
Os azuis - As tonalidades azuis simbolicamente associadas à imensidão do céu, às águas claras e à espiritualidade, provocam sensações refrescantes.
São tons que permitem o relaxamento, alívio de tensões e a calma, mas as nuances devem ser cuidadosamente estudadas e dosadas, pois os excessos podem causar introversão e denotar tentativa de super controle dos sentimentos e da excitação.
Os amarelos - As tonalidades amarelas simbolicamente associadas à luz, ao sol, à consciência e à alegria de viver, transmitem a sensação de ambientes secos, o que pode ajudar a resolver problemas com a umidade nos ambientes.
Também estão ligadas à idéia de nobreza; no oriente é a cor mais importante depois do vermelho; pela associação com a cor do ouro. Entretanto, o excesso de amarelo pode ter efeito catastrófico, pois podem denotar tendências excessivamente extrovertidas, que podem remeter a algo brega, de mau gosto. Aplicado apropriadamente pode indicar aspirações e ambições bem desenvolvidas.
Os laranjas - As tonalidades laranjas pertencem a um grupo intermediário entre os amarelos e os vermelhos. Estão ligados à idéia de vitalidade, alegria e energia.
Os vermelhos - O aspecto simbólico do vermelho está relacionado à força da vida, ao coração, ao erotismo, à nobreza, mas também, se usado em excesso, à instabilidade emocional e à agressividade.
Os verdes - As tonalidades de verde estão ligadas ao sentido de esperança, de vida e de sorte. O verde, por outro plano, é uma das cores mais perigosas de se trabalhar, diz Paulo Felix, uma vez que seu uso excessivo pode denotar tentativa de super controle das emoções e provocar sensações de repugnância e aversão.
O psicólogo observa que todos nós buscamos estar próximo de pessoas e ambientes saudáveis. Por exemplo, as mulheres utilizam cosméticos para destacar a tonalidade rosada na pele, associada com saúde. A luz e a cor verde podem influenciar na percepção da cor da pele, e transmitir uma idéia de fobia, o que pode não facilitar uma proximidade entre as pessoas.
Os neutros - As tonalidades neutras, assim consideradas as cores pastéis, são muito usadas por quem não quer errar, pois podem ir bem a qualquer ambiente, mas podem transmitir uma idéia de insegurança, de alguém que não quis ousar.
Paulo Felix afirma que não é necessário conhecer a teoria das cores para desenvolver bons trabalhos, por exemplo, na área de decoração de ambientes. Segundo ele, toda pessoa que compreenda os paradoxos do ser humano tem condições de usar as cores de maneira harmoniosa, em seu benefício e em sua atividade profissional. “É claro que o conhecimento teórico amplia essa possibilidade”,
Obrigada.
ResponderExcluirUm beijo bem gostoso pra vc .