terça-feira, 24 de abril de 2012
Artistas Mediúnicos
A psicopictografia, popularmente referida como pintura mediúnica, é, segundo os que crêem na doutrina espírita, uma manifestação mediúnica pela qual um espírito, através de um médium, se expressa por meio de pinturas ou desenhos.
José Medrado - Pintura Mediúnica - Abril 2011
Allan Kardec (1861, item 190) define médiuns pintores ou desenhistas, como sendo aqueles que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos.
Lívio Barbosa
No Brasil, entre os diversos supostos médiuns que se destacam nessa área em particular, citam-se os nomes de Luiz Antonio Gasparetto, José Medrado, Marilusa Moreira Vasconcelos e Florencio Anton, Lívio Barbosa, Valdelice Salum, entre outros.
Trabalhos de Modelagem Mediúnica Esculturografias
Valdelice Salum - Pintura Mediúnica
Chama-se fotografia espírita (spirit photography, em inglês) a toda uma série de fenômenos, sejam eles claramente fraudulentos ou possivelmente autênticos, que remontam a poucas décadas após o surgimento da fotografia, e se caracteriza pela presença de vultos, espectros e formas estranhas em imagens de natureza fotográfica.
Se, na atualidade, o avanço das técnicas de fotografia, em especial com o advento da fotografia digital, criou possibilidades quase infinitas de falseamento nas imagens fotográficas, em meados do século XIX as técnicas mais aprimoradas de fotografia, que recorriam ao daguerreótipo e ao colóide, ofereciam margem significativamente mais estreita à fraude e ao charlatanismo.
A primeira fotografia espírita a que se costuma fazer referência data de 1861, feita manualmente pelo gravurista estadunidense William Mumler, em Boston, capital do estado de Massachusetts (EUA). Trata-se de um auto-retrato em que um "duplo" de Mumler, ou seja, sua própria imagem, só que translúcida e sobre ele, aparece. Após essa ocorrência, Mumler entrou em contato com outros fotógrafos, que sugeriram a repetição da experiência em condições diversificadas, a fim de que ele melhor pudesse se certificar da natureza dos fenômenos que testemunhava. Após convencer-se de que se tratavam de fenômenos autênticos, largou sua profissão para dedicar-se exclusivamente à fotografia (Spiritual Magazine, 1869, pg. 256/257). Os primeiros relatos dessas fotografias saíram no Herald of Progress de 1nov1862 e no Banner of Light de sete dias mais tarde. Com a difusão da notícia para além dos limites de Massachusetts, e em face do crescente interesse público pelo assunto, o editor do Herald, J. A. Davis, enviou um fotógrafo de sua confiança, com dez anos de experiência no ofício (Aksakof, 1956, pg. 93), para investigar in loco os trabalhos de Mumler. O seguinte trecho, publicado no Banner de 29 de novembro daquele ano, um resumo de longa carta publicada no mesmo dia no Herald, sintetiza as conclusões do enviado:
Não me opondo o Sr. Mumler dificuldade alguma, eu mesmo fiz, na chapa escolhida para o meu retrato, todas as operações de banhos, viragem e montagem. Durante todo esse tempo, não perdi de vista a chapa, não deixei aproximar-se dela o Sr. Mumler, senão depois de terminada a operação. Em seguida, submeti a minuciosa inspeção o gabinete escuro, o caixilho, o tubo, o interior da cubas, etc. E, apesar de tudo, obtive, com grande admiração, a minha fotografia acompanhada por uma outra imagem. Tendo continuado depois as minhas pesquisas, (...) vi-me obrigado, com toda a sinceridade, a reconhecer sua autenticidade. (grifos do autor)
Naturalmente, as opiniões acerca das fotografias de Mumler passavam longe de qualquer unanimidade. Muitos céticos, entre fotógrafos amadores e profissionais, empenharam-se em demonstrar publicamente que Mumler não passava de uma fraude, e que suas fotografias podiam ser reproduzidas por meio de diversas técnicas. A coisa ganhou grande repercussão quando, em abril de 1869, instaurou-se um processo contra Mumler, tendo em vista denúncia do jornal nova-iorquino The World. O fotógrafo, que acabara de se mudar de Boston para abrir um estúdio em Nova York, chegou a ser preso, sob suspeita de "ter cometido fraudes e trapaças à custa do público, por meio de fotografias espíritas" (Aksafof, 1956, pg. 96). Os autores elaboraram oito fotos com o fito de provar a impostura de Mumler, e apontaram seis métodos diferentes para obtê-las, que, segundo eles, poderiam explicar completamente todo o trabalho de Mumler com a fotografia espírita. Acontece que nenhum dos fotógrafos que estavam do lado da acusação havia investigado o processo de trabalho de Mumler in loco. Ainda que convincentes, seus argumentos careciam da experiência concreta a que haviam se dedicado os quatro fotógrafos que testemunharam a favor de Mumler. Todos já tinham tido a oportunidade de inspecionar pessoalmente Mumler durante o trabalho de preparação, lavagem, exposição e revelação exigidos pelo método fotográfico da época.
Pesados os argumentos, e diante de doze testemunhos de pessoas que afirmavam ter reconhecido, nas fotos que tiraram com Mumler, parentes mortos, cinco dos quais tendo assegurado que os familiares nunca haviam sido fotografados em vida, o juiz concluiu que "o detido devia ser posto em liberdade (...) Mesmo que o acusado tivesse cometido fraudes e trapaças (...) em sua opinião, a parte queixosa não tinha conseguido provar o fato". (Banner of Light, 8mai1866)
Após o processo, Mumler continuou a trabalhar com a fotografia espírita até o fim da vida. Apesar de muitas de suas fotos não mostrarem mais do que borrões de contornos pouco definidos, aquelas consideradas "de qualidade", somadas a sua abertura para investigadores independentes interessados em conhecer os processos que ele utilizava, valeram-lhe o apoio público de notáveis personalidade de seu tempo, como a ex-primeira dama estadunidense, Mary Lincoln, viúva do presidente Abraham Lincoln; o juiz da Suprema Corte de Nova York, John Edmonds; e o editor da revista norte-americana Waverly Magazine, Moses Dow. Posteriormente, o pesquisador e naturalista inglês Alfred Russel Wallace, tornou-se o primeiro cientista a obter uma fotografia de um Espírito materializado (14mar1874). Nesse período destacaram-se ainda as fotografias obtidas nos trabalhos de materializações com as médiuns Eusápia Paladino e Eva Carrière.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Laurent Laveder / Maybach
Brincando com a Lua
Fotógrafo profissional e jornalista científico, Laurent Laveder criou a série Moon Games, composta por diversas imagens que mostram pessoas interagindo com a Lua. Capturando as cenas por um ângulo específico, o artista faz parecer que o satélite está realmente ao alcance das mãos dos homens e mulheres que, posando para as lentes do artista, brincam de jogá-lo para cima, ou pousá-lo na xícara de café.
Especializado em fotos do céu, Laveder faz parte do coletivo The World At Night, que reúne 30 dos melhores astrofotógrafos do planeta.
As imagens abaixo é de outros criativos utilizando a temática de Laveder.
O maior e exclusivo veículo da DaimlerChrysler
Motor de doze cilindros. 5,5 litros com dois turbocompresores 551 CV
Duas versões: Maybach 57 e Maybach 62. Preço: 420.000 € e 490.000 € respectivamente.
Se fabrica em função das necesidades e gostos do cliente, que pode intervir em algumas fases do processo de fabricação para introduzir modificações.
Os assentos tem uma função de massagem, com sete motores elétricos.
Instrumentação traseira: velocímetro, termómetro exterior e relogio.
Teto de cristal para a parte traseira. Existe uma membrana de cristal líquido, com polímeros de plástico e condutores de eletricidade. Quando a membrana é ligada(com tensão de 90 v.), os polímeros se ordenam de maneira que o cristal fique transparente. Quando se interrompe a corrente elétrica, o cristal fica translúcido e bloqueia a luz.
Dois telefones com conecção «bluetooth» (imagem), e uma geladeira(com compressor elétrico), para garrafas e copos.
Internet via WAP. Acesso ao portal de Mercedes Benz só na Alemanha, Austria e Suiça.
Carregador de seis CD, monitor (imagem), reproductor de DVD, conecções para reprodução em MP3 e vídeo.
O escudo, um duplo M é semelhante ao que era usado no passado. Anteriormente significava «Maybach-Motorenbau»(fábrica de motores Maybach) e agora «Maybach Manufaktur».
Fotógrafo profissional e jornalista científico, Laurent Laveder criou a série Moon Games, composta por diversas imagens que mostram pessoas interagindo com a Lua. Capturando as cenas por um ângulo específico, o artista faz parecer que o satélite está realmente ao alcance das mãos dos homens e mulheres que, posando para as lentes do artista, brincam de jogá-lo para cima, ou pousá-lo na xícara de café.
Especializado em fotos do céu, Laveder faz parte do coletivo The World At Night, que reúne 30 dos melhores astrofotógrafos do planeta.
As imagens abaixo é de outros criativos utilizando a temática de Laveder.
O maior e exclusivo veículo da DaimlerChrysler
Motor de doze cilindros. 5,5 litros com dois turbocompresores 551 CV
Duas versões: Maybach 57 e Maybach 62. Preço: 420.000 € e 490.000 € respectivamente.
Se fabrica em função das necesidades e gostos do cliente, que pode intervir em algumas fases do processo de fabricação para introduzir modificações.
Os assentos tem uma função de massagem, com sete motores elétricos.
Instrumentação traseira: velocímetro, termómetro exterior e relogio.
Teto de cristal para a parte traseira. Existe uma membrana de cristal líquido, com polímeros de plástico e condutores de eletricidade. Quando a membrana é ligada(com tensão de 90 v.), os polímeros se ordenam de maneira que o cristal fique transparente. Quando se interrompe a corrente elétrica, o cristal fica translúcido e bloqueia a luz.
Dois telefones com conecção «bluetooth» (imagem), e uma geladeira(com compressor elétrico), para garrafas e copos.
Internet via WAP. Acesso ao portal de Mercedes Benz só na Alemanha, Austria e Suiça.
Carregador de seis CD, monitor (imagem), reproductor de DVD, conecções para reprodução em MP3 e vídeo.
O escudo, um duplo M é semelhante ao que era usado no passado. Anteriormente significava «Maybach-Motorenbau»(fábrica de motores Maybach) e agora «Maybach Manufaktur».
domingo, 15 de abril de 2012
Tarsila do Amaral - Pinacoteca do Estado de São Paulo Museu Nacional de Belas Artes
O prédio ocupado pela Pinacoteca do Estado foi projetado por Ramos de Azevedo em 1897, para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios, instituição que formava técnicos e artesãos para construir as cidades que se enriqueciam com o café. Com paredes de tijolos não revestidos e amplas janelas incorporadas ao referencial urbano, a Pinacoteca passou por uma grande reforma durante o governo Mário Covas, e, hoje, em seus salões restaurados, pátios internos cobertos, telhado recuperado, iluminação específica e adequada, abriga importantes exposições, como as que realizou com as obras de Rodin e de Miró.
O museu tem um perfil muito definido da arte brasileira do século XIX até a contemporânea. Seu acervo tem cerca de 4 mil peças, e é significativo, especialmente para São Paulo, uma vez que reúne trabalhos de artistas paulistas, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva, além de obras representativas de Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. O Pavilhão das Artes, localizado no Parque do Ibirapuera, também faz parte da Pinacoteca e abriga exposições de grande importância artística.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo é o museu de arte mais antigo da cidade e certamente um dos mais importantes do país. Nasceu no prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Por isso, a história da Pinacoteca confunde-se em seus primórdios com a implantação do Liceu, e sua presença no edifício conturbada por uma série de eventos históricos, como os conflitos de 1930 e 1932, além de reformas, alternou-se com transferências temporárias para outros locais, como o prédio da Imprensa Oficial e o pavilhão no Ibirapuera. No momento de sua inauguração, que se deu em 24dez1905, o acervo da Pinacoteca consistia em 26 pinturas de importantes artistas que atuaram na cidade, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Berthe Worms, Antonio Parreiras e Oscar Pereira da Silva, oriundos do Museu Paulista (então Museu do Estado). Nos seus primeiros anos, a Pinacoteca ocupou uma única sala no terceiro piso. Não era ainda um órgão autônomo em relação ao Liceu, o que só aconteceria em 1911. Durante suas primeiras décadas de existência, a Pinacoteca voltou-se à ampliação de seu acervo, com ênfase na arte brasileira do século XIX. Contudo, este perfil começa a mudar a partir 1967, com as gestões de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano e Walter Wey, quando se iniciaram as reformas do prédio, ampliaram-se as atividades do museu e mudaram os critérios de escolha de obras, que passou a ser feito pelo Conselho de Orientação da Pinacoteca, criado em 1970. A partir de então, a significativa coleção de arte brasileira do século XIX passava a ser complementada, pouco a pouco, por obras representativas de períodos posteriores.
Museu Nacional de Belas Artes sedia retrospectiva da obra de um dos mais importantes pintores brasileiros.
Sessenta e três anos após a primeira exposição, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) abriga, a partir do dia 3abr2012, “Eliseu Visconti – A modernidade antecipada”, com cerca 250 obras, entre pinturas, desenhos, cerâmicas e documentos do artista. Das obras expostas, muitas nunca foram vistas pelo público nem pelos especialistas em história da arte brasileiros. Elas pertencem a 15 instituições e a 80 colecionadores particulares. A exposição tem como propósito consolidar o legado de Visconti, mostrando como, em sua trajetória pioneira, foi um agente capital da modernização da arte brasileira, sem romper com os artistas que o antecederam. A produção de Visconti - pouco conhecida ou discutida abertamente no Brasil - é apresentada em toda sua extensão, desde o início de sua carreira, em 1888, época em que ainda fazia parte da Academia Imperial de Belas-Artes, até o seu falecimento, em 1944. Em seus quase 80 anos de vida, acompanhou de perto a imensa transformação que conduziu o país de Império a Estado Novo, do escravismo ao trabalhismo, da arte romântica à arte moderna. Uma oportunidade e tanto para se desvendar um pouco mais de Eliseu Visconti, um italiano da cidade de Salerno, onde nasceu em 1866 e que veio ainda menino para o Brasil. A retrospectiva é dividida por períodos e temas, em consonância com os trabalhos desenvolvidos pelo pintor e designer. Entre eles estão paisagens, cenas de família, retratos, nus, temas históricos, painéis decorativos e objetos de design, além de desenhos e aquarelas. Dentre as pinturas, destacam-se na exposição 25 autorretratos, dentre os mais de 40 que Visconti criou em seus 60 anos de produção. Formalmente Visconti manteve-se na produção figurativa, sendo considerado o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil. O visitante terá ainda a possibilidade de acompanhar o processo artístico de Visconti na composição das obras “Maternidade” (1906) e “Recompensa de São Sebastião” (1897), por meio de estudos e variantes pouco conhecidos, e ainda apreciar “Gioventù” (1898), considerada a “Mona Lisa” brasileira, ganhadora da medalha de prata na Exposição Universal de Paris em 1900.
“Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo” traz ao Rio de Janeiro 85 obras, entre pinturas, desenhos, objetos e gravuras da pintora modernista que não recebia uma grande exposição na cidade há 43 anos. A ideia central para a mostra surgiu a partir da descoberta do “Diário de Viagens”, preciosidade em poder da família da artista. É documento de caráter íntimo, e possibilita essa intromissão nos aspectos mais particulares da vida de Tarsila do Amaral.
Foto: Paulo Jabur - Eliane Giardini e o curador Antonio Carlos Abdalla, na abertura da exposição
Ausência sentida, o quadro “Abaporu”, símbolo da antropofagia modernista, não está em exibição. Ele permanece no Malba (Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires). Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), conversou com a reportagem do iG. “Não era absolutamente inviável insistir na vinda do quadro. Porém, ele esteve recentemente por três vezes no Brasil e isso dificultaria um pouco as coisas”, conta Abdalla.
Filha de pianista e compositora, Tarsila teve uma infância na qual a música representou um elemento do seu cotidiano. Já adulta, foi amiga de Mário de Andrade, Villa-Lobos, Souza Lima, entre outros nomes do modernismo musical brasileiro. No dia 14 de março, às 18h30, o público poderá conhecer uma pouco mais dessa faceta da pintora, durante o concerto “Tarsila Musical”, que faz parte da programação da exposição “Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo”, no Teatro II do CCBB Rio.
iG: Qual foi a maior dificuldade na realização da mostra?
ANTONIO ABDALLA: Foi conciliar os interesses e disponibilidades de acervos museológicos e colecionadores particulares numa única data. Além, é claro, de organizar tudo em comum acordo com o CCBB carioca. Tarsila do Amaral é das artistas brasileiras mais requisitadas para exposições nacionais e internacionais. Daí talvez por que suas mostras individuais são tão esperadas.
iG: Consegue explicar por que Tarsila continua tão atual?
AA: Bem, creio que principalmente a genialidade dos trabalhos, os fatores históricos e as contingências que giram em torno de sua vida. Tarsila é tão atual quanto qualquer outro grande artista que continua despertando ao longo de décadas, séculos um interesse renovado sobre sua obra. Todo grande artista não é atual, mas atemporal. Artistas datados se perdem na história.
Foto: Romulo Fialdini - "Paisagem com ponte", 1941
iG: Que papel de destaque ela tem na busca de uma identidade no modernismo brasileiro?
AA: Certa feita li que o Brasil é tão único que é o único lugar do mundo com "certidão de nascimento para o Modernismo", com hora e lugar registrados (risos). Tarsila, apesar de não ter participado diretamente da histórica Semana de 1922, acabou se integrando de tal forma com os modernistas que virou um símbolo do movimento. Ela foi, além dos outros nomes que integraram o movimento, uma ponte cultural entre o que acontecia aqui e na Europa. Tinha circulação incrível para uma mulher de sua época.
Foto: Romulo Fialdini - "Retrato de Oswald de Andrade", 1923
iG: O que permitiu isso?
AA: O talento e, sem dúvida, a personalidade e cultura que Tarsila tinha. Dizendo claramente um clichê: ela estava na hora e no lugar certos.
iG: Houve alguma tentativa para se trazer o seu quadro mais famoso, Abaporu, à exposição?
AA: Sim. Não era absolutamente inviável insistir na vinda do quadro. Porém, ele esteve recentemente por três vezes no Brasil e isso dificultaria um pouco as coisas. Conscientemente fiz a opção curatorial de dar ênfase a outras obras importantes de Tarsila. Afinal, ela é uma artista que tem uma Obra, com "O" maiúsculo.
iG: Sem o Abaporu, não fica faltando um traço importante do panorama de sua arte?
AA: Fixar a importância de Tarsila no Abapuru apenas e como fixar a importância de Da Vinci na Gioconda... e aí seguem centenas de outros exemplos. Mas o Abapuru está na mostra! Lá, entrelaçado com A Negra, na obra Antropofagia, que, ousaria dizer, é obra de imensa envergadura. Símbolo maior do modernismo brasileiro e de tudo o que aquela revolução, talvez não tão pacífica, significou para todos.
iG: Por que se preferiu não separar a exposição por ordem cronológica?
AA: Tudo começou com um mergulho na ideia da memória... O álbum é como uma coleção de fotografias, organizada emocionalmente pela memória. Com essa abertura para o aleatório, resolvi abdicar de fazer uma retrospectiva. Procurei dar um enfoque propositalmente afetivo e, assim, o visitante pode se encantar, ou não claro, com as obras livres de classificações fechadas. A exposição foi feita para emocionar.
iG: Como veio a ideia da parte musical, sobre musicas destinadas à pintora?
AA: Tarsila tinha uma grande aproximação com a música. Em casa, sua mãe foi uma grande pianista e ela mesma pensou em determinado momento seguir carreira de pianista. Também tinha talento para isso, no ambiente cultural que frequentou, entre os intelectuais dos quais se aproximou, a música era parte importante. Ela acabou se tornando amiga de Souza Lima, Ernesto Nazareth, Donga, Villa-Lobos, Arthur Rubinstein, Eric satie, Milhaud... Enfim, de uma grande quantidade de compositores e intérpretes.
O museu tem um perfil muito definido da arte brasileira do século XIX até a contemporânea. Seu acervo tem cerca de 4 mil peças, e é significativo, especialmente para São Paulo, uma vez que reúne trabalhos de artistas paulistas, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva, além de obras representativas de Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. O Pavilhão das Artes, localizado no Parque do Ibirapuera, também faz parte da Pinacoteca e abriga exposições de grande importância artística.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo é o museu de arte mais antigo da cidade e certamente um dos mais importantes do país. Nasceu no prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Por isso, a história da Pinacoteca confunde-se em seus primórdios com a implantação do Liceu, e sua presença no edifício conturbada por uma série de eventos históricos, como os conflitos de 1930 e 1932, além de reformas, alternou-se com transferências temporárias para outros locais, como o prédio da Imprensa Oficial e o pavilhão no Ibirapuera. No momento de sua inauguração, que se deu em 24dez1905, o acervo da Pinacoteca consistia em 26 pinturas de importantes artistas que atuaram na cidade, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Berthe Worms, Antonio Parreiras e Oscar Pereira da Silva, oriundos do Museu Paulista (então Museu do Estado). Nos seus primeiros anos, a Pinacoteca ocupou uma única sala no terceiro piso. Não era ainda um órgão autônomo em relação ao Liceu, o que só aconteceria em 1911. Durante suas primeiras décadas de existência, a Pinacoteca voltou-se à ampliação de seu acervo, com ênfase na arte brasileira do século XIX. Contudo, este perfil começa a mudar a partir 1967, com as gestões de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano e Walter Wey, quando se iniciaram as reformas do prédio, ampliaram-se as atividades do museu e mudaram os critérios de escolha de obras, que passou a ser feito pelo Conselho de Orientação da Pinacoteca, criado em 1970. A partir de então, a significativa coleção de arte brasileira do século XIX passava a ser complementada, pouco a pouco, por obras representativas de períodos posteriores.
Museu Nacional de Belas Artes sedia retrospectiva da obra de um dos mais importantes pintores brasileiros.
Sessenta e três anos após a primeira exposição, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) abriga, a partir do dia 3abr2012, “Eliseu Visconti – A modernidade antecipada”, com cerca 250 obras, entre pinturas, desenhos, cerâmicas e documentos do artista. Das obras expostas, muitas nunca foram vistas pelo público nem pelos especialistas em história da arte brasileiros. Elas pertencem a 15 instituições e a 80 colecionadores particulares. A exposição tem como propósito consolidar o legado de Visconti, mostrando como, em sua trajetória pioneira, foi um agente capital da modernização da arte brasileira, sem romper com os artistas que o antecederam. A produção de Visconti - pouco conhecida ou discutida abertamente no Brasil - é apresentada em toda sua extensão, desde o início de sua carreira, em 1888, época em que ainda fazia parte da Academia Imperial de Belas-Artes, até o seu falecimento, em 1944. Em seus quase 80 anos de vida, acompanhou de perto a imensa transformação que conduziu o país de Império a Estado Novo, do escravismo ao trabalhismo, da arte romântica à arte moderna. Uma oportunidade e tanto para se desvendar um pouco mais de Eliseu Visconti, um italiano da cidade de Salerno, onde nasceu em 1866 e que veio ainda menino para o Brasil. A retrospectiva é dividida por períodos e temas, em consonância com os trabalhos desenvolvidos pelo pintor e designer. Entre eles estão paisagens, cenas de família, retratos, nus, temas históricos, painéis decorativos e objetos de design, além de desenhos e aquarelas. Dentre as pinturas, destacam-se na exposição 25 autorretratos, dentre os mais de 40 que Visconti criou em seus 60 anos de produção. Formalmente Visconti manteve-se na produção figurativa, sendo considerado o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil. O visitante terá ainda a possibilidade de acompanhar o processo artístico de Visconti na composição das obras “Maternidade” (1906) e “Recompensa de São Sebastião” (1897), por meio de estudos e variantes pouco conhecidos, e ainda apreciar “Gioventù” (1898), considerada a “Mona Lisa” brasileira, ganhadora da medalha de prata na Exposição Universal de Paris em 1900.
“Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo” traz ao Rio de Janeiro 85 obras, entre pinturas, desenhos, objetos e gravuras da pintora modernista que não recebia uma grande exposição na cidade há 43 anos. A ideia central para a mostra surgiu a partir da descoberta do “Diário de Viagens”, preciosidade em poder da família da artista. É documento de caráter íntimo, e possibilita essa intromissão nos aspectos mais particulares da vida de Tarsila do Amaral.
Foto: Paulo Jabur - Eliane Giardini e o curador Antonio Carlos Abdalla, na abertura da exposição
Ausência sentida, o quadro “Abaporu”, símbolo da antropofagia modernista, não está em exibição. Ele permanece no Malba (Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires). Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), conversou com a reportagem do iG. “Não era absolutamente inviável insistir na vinda do quadro. Porém, ele esteve recentemente por três vezes no Brasil e isso dificultaria um pouco as coisas”, conta Abdalla.
Filha de pianista e compositora, Tarsila teve uma infância na qual a música representou um elemento do seu cotidiano. Já adulta, foi amiga de Mário de Andrade, Villa-Lobos, Souza Lima, entre outros nomes do modernismo musical brasileiro. No dia 14 de março, às 18h30, o público poderá conhecer uma pouco mais dessa faceta da pintora, durante o concerto “Tarsila Musical”, que faz parte da programação da exposição “Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo”, no Teatro II do CCBB Rio.
iG: Qual foi a maior dificuldade na realização da mostra?
ANTONIO ABDALLA: Foi conciliar os interesses e disponibilidades de acervos museológicos e colecionadores particulares numa única data. Além, é claro, de organizar tudo em comum acordo com o CCBB carioca. Tarsila do Amaral é das artistas brasileiras mais requisitadas para exposições nacionais e internacionais. Daí talvez por que suas mostras individuais são tão esperadas.
iG: Consegue explicar por que Tarsila continua tão atual?
AA: Bem, creio que principalmente a genialidade dos trabalhos, os fatores históricos e as contingências que giram em torno de sua vida. Tarsila é tão atual quanto qualquer outro grande artista que continua despertando ao longo de décadas, séculos um interesse renovado sobre sua obra. Todo grande artista não é atual, mas atemporal. Artistas datados se perdem na história.
Foto: Romulo Fialdini - "Paisagem com ponte", 1941
iG: Que papel de destaque ela tem na busca de uma identidade no modernismo brasileiro?
AA: Certa feita li que o Brasil é tão único que é o único lugar do mundo com "certidão de nascimento para o Modernismo", com hora e lugar registrados (risos). Tarsila, apesar de não ter participado diretamente da histórica Semana de 1922, acabou se integrando de tal forma com os modernistas que virou um símbolo do movimento. Ela foi, além dos outros nomes que integraram o movimento, uma ponte cultural entre o que acontecia aqui e na Europa. Tinha circulação incrível para uma mulher de sua época.
Foto: Romulo Fialdini - "Retrato de Oswald de Andrade", 1923
iG: O que permitiu isso?
AA: O talento e, sem dúvida, a personalidade e cultura que Tarsila tinha. Dizendo claramente um clichê: ela estava na hora e no lugar certos.
iG: Houve alguma tentativa para se trazer o seu quadro mais famoso, Abaporu, à exposição?
AA: Sim. Não era absolutamente inviável insistir na vinda do quadro. Porém, ele esteve recentemente por três vezes no Brasil e isso dificultaria um pouco as coisas. Conscientemente fiz a opção curatorial de dar ênfase a outras obras importantes de Tarsila. Afinal, ela é uma artista que tem uma Obra, com "O" maiúsculo.
iG: Sem o Abaporu, não fica faltando um traço importante do panorama de sua arte?
AA: Fixar a importância de Tarsila no Abapuru apenas e como fixar a importância de Da Vinci na Gioconda... e aí seguem centenas de outros exemplos. Mas o Abapuru está na mostra! Lá, entrelaçado com A Negra, na obra Antropofagia, que, ousaria dizer, é obra de imensa envergadura. Símbolo maior do modernismo brasileiro e de tudo o que aquela revolução, talvez não tão pacífica, significou para todos.
iG: Por que se preferiu não separar a exposição por ordem cronológica?
AA: Tudo começou com um mergulho na ideia da memória... O álbum é como uma coleção de fotografias, organizada emocionalmente pela memória. Com essa abertura para o aleatório, resolvi abdicar de fazer uma retrospectiva. Procurei dar um enfoque propositalmente afetivo e, assim, o visitante pode se encantar, ou não claro, com as obras livres de classificações fechadas. A exposição foi feita para emocionar.
iG: Como veio a ideia da parte musical, sobre musicas destinadas à pintora?
AA: Tarsila tinha uma grande aproximação com a música. Em casa, sua mãe foi uma grande pianista e ela mesma pensou em determinado momento seguir carreira de pianista. Também tinha talento para isso, no ambiente cultural que frequentou, entre os intelectuais dos quais se aproximou, a música era parte importante. Ela acabou se tornando amiga de Souza Lima, Ernesto Nazareth, Donga, Villa-Lobos, Arthur Rubinstein, Eric satie, Milhaud... Enfim, de uma grande quantidade de compositores e intérpretes.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Eliseu Visconti (Movimento Impressionismo) e a Fundação Biblioteca Nacional - RJ Brasil
A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina. O núcleo original de seu poderoso acervo calculado hoje em cerca de nove milhões de itens é a antiga livraria de D. José organizada sob a inspiração de Diogo Barbosa Machado, Abade de Santo Adrião de Sever, para substituir a Livraria Real, cuja origem remontava às coleções de livros de D. João I e de seu filho D. Duarte, e que foi consumida pelo incêndio que se seguiu ao terremoto de Lisboa de 1º de novembro de 1755.
O início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do país: a transferência da rainha D. Maria I, de D. João, Príncipe Regente, de toda a família real e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte, em 1808. O acervo trazido para o Brasil, de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. A 29out1810, decreto do Príncipe Regente determina que no lugar que serviu de catacumba aos religiosos do Carmo se erija e acomode a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido estabelecimento.
Eliseu Visconti - Maternidade
A data de 29out1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814. Quando, em 1821, a Família Real regressou a Portugal, D. João VI levou de volta grande parte dos manuscritos do acervo. Depois da proclamação da independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil foi regulada mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29ago1825.
Administrativamente a Biblioteca Nacional esteve subordinada ao antigo Ministério do Interior e Justiça, depois ao Ministério da Educação e Saúde. Com a criação do Ministério da Saúde, ela passou integrar o Ministério da Educação e Cultura. Em 1981, o órgão passou à administração indireta, fazendo parte da Fundação Nacional Pró-Memória, até o ano de 1984, quando, junto com o Instituto Nacional do Livro, passou a constituir a Fundação Nacional Pró-Leitura. Em 1990 a Biblioteca Nacional, com sua biblioteca subordinada, a Euclides da Cunha, do Rio de Janeiro, e o Instituto Nacional do Livro, com sua Biblioteca Demonstrativa, de Brasília, passaram a constituir a Fundação Biblioteca Nacional (FBN). A partir de 2004, através do seu atual estatuto, Decreto n. 5.038 de 7abr2004, é composta por um Presidente, nomeado pelo presidente da República, um diretor executivo, e seis Diretores à frente de dois centros: Centro de Processos Técnicos e Centro de Referência e Difusão e quatro Coordenadorias-gerais: de Planejamento e Administração, Pesquisa e Editoração, Livro e Leitura e Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. A FBN possui ainda um Escritório de Direitos Autorais para registro e averbação de direitos de autor e também é a Agência Nacional do ISBN (International Standard Book Number). Como tal, ela coordena e incentiva o uso do sistema internacional de numeração de livros e atribui códigos às editoras e às publicações nacionais para efeito de divulgação e comercialização.
A Fundação Biblioteca Nacional é a única beneficiária da Lei 10.994 de 14dez2004, que dispõe sobre a remessa de obras à Biblioteca Nacional. O principal objetivo da lei do Depósito Legal é assegurar o registro e a guarda da produção intelectual nacional, além de possibilitar o controle, a elaboração e a divulgação da Bibliografia Brasileira corrente, bem como a defesa e a preservação da língua e da cultura nacionais. Hoje, para efeito de Depósito Legal, entende-se por publicação toda obra registrada, em qualquer suporte físico, destinada à venda ou distribuição gratuita. É através do cumprimento da lei do Depósito Legal, que a Biblioteca Nacional, ao receber um exemplar do que se publica no Brasil, vai-se tornado a guardiã da memória gráfica brasileira.
A lei do Depósito Legal é o mais poderoso auxiliar da Biblioteca Nacional no cumprimento de sua finalidade de proporcionar a informação cultural nas diferentes áreas do conhecimento humano com base na produção intelectual brasileira e nas obras mais significativas da cultura estrangeira, que constituem o sempre crescente acervo bibliográfico e hemerográfico, cujo conjunto lhe cumpre preservar. Insere-se a Biblioteca no conceito de nacional, em contraposição ao de pública por apresentar as seguintes características: ser beneficiária do instituto do Depósito Legal; possuir mecanismo estruturado para compra de material bibliográfico no exterior a fim de reunir uma coleção de obras estrangeiras, nas quais se incluam livros relativos ao Brasil ou de interesse para o país; elabora e divulga a bibliografia brasileira corrente através dos Catálogos em linha, disponíveis no Portal Institucional (www.bn.br); é também o centro nacional de permuta bibliográfica, em âmbito nacional e internacional.
Sob o novo estatuto de Fundação, a Biblioteca Nacional ampliou seu campo de atuação, passando a coordenar as estratégias fundamentais para o entrelaçamento de três dos mais importantes alicerces da cultura brasileira: biblioteca, livro e leitura. Assim a instituição coordena o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e a política de incentivo à leitura através do Proler.
Para garantir a manutenção de seu acervo, a FBN possui laboratórios de restauração e conservação de papel, estando apta a restaurar, dentro das mais modernas técnicas, qualquer peça do acervo que precisar desse serviço. Possui também oficina de encadernação e centro de microfilmagem, fotografia e digitalização. Nessa área de conservação de acervo, a Biblioteca Nacional desenvolve dois planos: O Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, com uma rede de núcleos estaduais de microfilmagem com vistas à preservação de toda produção jornalística do país e o Plano Nacional de Restauração de Obras Raras, cujo objetivo é identificar e recuperar obras raras existentes, não só na Biblioteca Nacional, como em outras bibliotecas e acervos bibliográficos do país. Com vistas a consolidar a inserção da Fundação Biblioteca Nacional na sociedade da informação, foi lançado o Portal Institucional (www.bn.br), permitindo o acesso aos Catálogos em linha. Em 2006 foi criada a Biblioteca Nacional Digital concebida de forma ampla como um ambiente onde estão integradas todas as coleções digitalizadas colocando a Fundação Biblioteca Nacional na vanguarda das bibliotecas da América Latina e igualando-a às maiores bibliotecas do mundo no processo de digitalização de acervos e acesso às obras e aos serviços, via Internet.
Entre as coleções incorporadas ao acervo da Biblioteca Nacional devem ser mencionadas pelo seu valor histórico e preciosidades as seguintes, entre muitas outras:
Coleção Barbosa Machado.
Doada pelo ilustre bibliófilo, formada de 4.300 obras em 5.764 volumes. Além de livros, possui estampas e mapas. Barbosa Machado reuniu preciosa coleção de folhetos raros relacionados com a História do Brasil e de Portugal e, reduzindo-os a um só formato para constituir uma coleção de 85 volumes doou-os, como o resto de sua biblioteca e com outras coleções factícias, à Real Biblioteca da Ajuda.
Coleção Conde da Barca ou Coleção Araujense.
Adquirida em leilão em 1819, dois anos após a morte de seu proprietário, Antônio de Araújo de Azevedo, Conde da Barca. É constituída de 2.365 obras em 6.329 volumes, em sua maior parte dos séculos XVIII e XVII. Pertence a essa coleção o conjunto de estampas Le Grand Théâtre de l’Univers, reunido em 125 grandes volumes.
Coleção De Angelis.
Adquirida em 1853 a Pedro de Angelis, político e bibliófilo napolitano, naturalizado argentino. Possui 1.717 obras em 2.747 volumes e 1.295 manuscritos. É do maior interesse para a história da Província Jesuítica do Paraguai e das questões de limites na região do Prata.
Coleção Salvador de Mendonça.
Doada por Salvador de Mendonça, cônsul do Brasil em Nova York, em 1884. Constituem-na 122 obras em 215 volumes, sete manuscritos e numerosas estampas. Destaca-se, no conjunto, o material referente ao Domínio Holandês no Brasil, composto de peças da maior raridade, impressas no século XVII.
Coleção José Antônio Marques.
Entre 1889 e 1890, a Biblioteca Nacional recebeu de João Antônio Marques uma opulenta coleção formada de 3.920 obras em 6.309 volumes e alguns manuscritos relativos ao Brasil Colônia. Incluem-se na coleção 323 volumes de edições camonianas, entre as quais a edição de Os Lusíadas, de 1584, chamada «dos piscos», considerada raríssima.
Coleção Thereza Christina Maria.
Doada em 1891 pelo ex-Imperador D. Pedro II com o desejo expresso de que conservasse o nome da Imperatriz. É composta de 48.236 volumes encadernados e inúmeras brochuras, sem contar folhetos avulsos, fascículos de várias revistas literárias e científicas, estampas, fotografias, partituras musicais e mais de mil mapas geográficos impressos e manuscritos. Dão cunho especial a essa importante coleção, a maior recebida pela biblioteca em todos os tempos, as numerosas dedicatórias autografadas dos autores ao Imperador e à Imperatriz.
Coleção Wallenstein.
Constituía o arquivo do diplomata russo Henri Jules Wallenstein. Com 2.800 documentos, constitui um acervo da maior importância para a história política, social e econômica do Brasil no século XIX, sobretudo para o período da Regência.
Coleção Benedito Otoni.
Pertenceu ao colecionador e bibliófilo José Carlos Rodrigues. Por ocasião de sua venda pública, foi adquirida pelo Dr. Júlio Benedito Otoni, que a doou integralmente à Biblioteca Nacional, em 1911.
Arquivo da Casa dos Contos.
Com cerca de 50.000 documentos e muitos códices, a coleção é proveniente da antiga Casa dos Contos de Ouro Preto e se completa com duas outras da mesma procedência que se encontram, uma no Arquivo Nacional e outra no Arquivo Público de Minas Gerais. Compreende documentos da administração de Minas nos séculos XVIII e XIX, com precioso material para o estudo da história da mineração, quintos, contrabando de ouro e diamantes, bandeiras e da Inconfidência Mineira.
Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira.
Documentação fartamente ilustrada com desenhos aquarelados de Joaquim José Codina e José Joaquim Freire, produzida pelo naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira relativa à viagem que empreendeu, por ordem de D. Maria I, pelas Capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, entre 1783 e 1792. Alfredo do Vale Cabral descreve 51 códices e 11 documentos apensos, pertencentes ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Biblioteca Abraão de Carvalho.
Em 1953 recebeu a Divisão de Música e Arquivo Sonoro a biblioteca musical de Abraão de Carvalho adquirida pelo Governo Federal e composta de 17.000 peças. A coleção é rica em partituras e obras sobre música, algumas raras dos séculos XVII e XVIII.
Dentro do acervo precioso da Fundação Biblioteca Nacional merecem especial destaque:
- Evangeliário, século XI–XII. Exemplar em pergaminho com textos, em grego, dos quatro evangelhos. Letra semi-uncial. É o mais antigo manuscrito da Biblioteca Nacional.
- Livro de Horas, século XV. Em latim. Letra gótica. Pergaminho. Iniciais decoradas a ouro e cores. Contém treze miniaturas de página inteira e quatro menores, algumas com vistas do Louvre e de Montmartre. Encadernação do século XVI, em couro, com motivos geométricos ornamentando as duas capas. Calendário em francês.
- Códices sobre administração colonial. Conjunto de atos dos governadores e capitães-gerais e dos vice-reis, incluindo correspondência com a Corte. Séculos XVII–XVIII.
- Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na América Meridional (1749). Desse mapa se serviram os representantes de Portugal e Espanha para a delimitação dos domínios dos dois reinos ibéricos na América do Sul, pelo Tratado de Madrid de 1750. Traz no verso nota explicativa assinada pelo Visconde Tomás da Silva Teles, Embaixador de Portugal em Madrid, e por José Carbajal y Alencaster, Ministro da Espanha.
- Partituras originais das óperas de Carlos Gomes: O Guarani, Fosca, Maria Tudor, Salvador Rosa.
- Bíblia de Mogúncia (Bíblia Latina), Johann Fust e Peter Schoeffer, «in vigília assumpcõis gl’ose virginis Marie», 14ago1462, 2v. A Biblioteca Nacional possui dois exemplares. A Bíblia de Mogúncia é o primeiro impresso que contém data, lugar de impressão e nome do impressor no colofão. Pergaminho, com letras capitais feitas a mão com tinta azul e vermelha.
- Grammatica da Língua Portuguesa com os Mandamentos da Santa Madre Igreja. Lisboa, 1539. Trata-se da cartilha que precede a Gramática propriamente dita de João de Barros. É provavelmente o primeiro livro com ilustrações em xilogravuras, de caráter didático. Esse exemplar da «Cartinha» é exemplar único no mundo.
- Os Lusíadas, de Luís de Camões, Lisboa, 1572. Com a data de 1572 existem duas edições de Os Lusíadas. Numa delas o 7º verso da primeira estância do Canto I é «Entre gente remota edificaram», em outra, considerada realmente a primeira, o verso é «E entre gente remota edificaram». A Biblioteca Nacional possui a edição chamada Edição E e, ou seja a primeira das duas de 1572.
- Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas..., de André João Antonil. Lisboa 1711. Conhecem-se apenas seis exemplares dessa obra, apreendida pelo Governo Português, porque divulgava riquezas do Brasil e o caminho para as minas de ouro recém-descobertas.
- Relação da entrada que fez o excelentíssimo e reverendíssimo senhor D. Fr. Antonio do Desterro Malheyro, Bispo do Rio de Janeiro em o primeiro dia deste presente anno de 1749... Folheto de autoria de Luís Antônio Rosado da Cunha, considerado a primeira obra impressa no Brasil.(Rio de Janeiro, na Segunda Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Anno de MDCCXLVII). Embora o início da imprensa no Brasil date, oficialmente, de 1808, este documento prova que tal atividade já havia sido exercida anteriormente.
- Messiah an oratorio in scores as it was originally perfor’d de Handel. Exemplar da primeira edição do Messias, de Haendel, publicada em Londres em meados do século XVIII.
- Il dissoluto punto o sia Don Giovann, de Mozart. Exemplar da primeira edição da famosa ópera publicada em Leipzig, em 1801.
- Correio Brasiliense, primeiro jornal brasileiro. Publicado em Londres de 1808 a 1822 por Hipólito José da Costa. Defendia a união monárquico-constitucional do Império Luso-Brasileiro, só aderindo à Independência em julho de 1822. Combatia a opressão, a corrupção e a ignorância. É uma fonte para estudos históricos, políticos, sociais econômicos e literários.
- Estampas originais de famosos mestres das escolas européias, destacando-se, entre muitos, Albrecht Dürer, Stefano della Bella, Jacques Callot, Marco Antonio Raimondi e Manuel Marques Aguiar. Estampas originais de artistas brasileiros, como: Osvaldo Goeldi, Carlos Oswald, Iberê Camargo e outros.
- Estampas dos gravadores portugueses da Oficina Tipográfica, Calcográfica e Literária do Arco do Cego, de Lisboa. A FBN possui muitas das chapas originais em cobre. Em 1858 a biblioteca foi instalada num prédio na Rua do Passeio, onde hoje se encontra a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1902, no número 24 dos Anais da Biblioteca Nacional, o Diretor Manuel Cícero Peregrino da Silva expunha a seus superiores, em relatório anual, a necessidade de um prédio novo para acolher o sempre crescente acervo da Biblioteca Nacional.
O prédio atual da Fundação Biblioteca Nacional teve sua pedra fundamental lançada em 15ago1905 e foi inaugurado cinco anos depois, em 29out1910. O prédio foi projetado pelo General Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, e a construção foi dirigida pelos engenheiros Napoleão Muniz Freire e Alberto de Faria. Integrado à arquitetura da recém-aberta Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, o prédio é de estilo eclético, em que se misturam elementos neoclássicos. As instalações do novo edifício correspondiam na época de sua inauguração a todas as exigências técnicas: pisos de vidro nos armazéns, armações e estantes de aço com capacidade para 400.000 volumes, amplos salões e tubos pneumáticos para transporte de livros dos armazéns para os salões de leitura. Em meio à fachada principal, o edifício possui um pórtico com seis colunas coríntias, que sustentam o frontão ornamentado por um grupo em bronze, tendo ao centro a figura da República, ladeada por alegorias da Imprensa, Bibliografia, Paleografia, Cartografia, Iconografia e Numismática. O conjunto foi executado de acordo com maquete do artista nacional Modesto Brocos. Do lado direito da Portada, uma estátua de bronze, de Corrêa Lima, representa a Inteligência; uma outra, do lado esquerdo, da autoria de Rodolfo Bernardelli, representa o Estudo. Na parte superior da fachada, de cada lado do tímpano, vêem-se, em bronze, os anos da fundação da Biblioteca MDCCCX, e da inauguração do prédio, MCMX. No saguão há, à direita e à esquerda, dois painéis do pintor norte-americano George Bidddle e dois baixos-relevos em bronze de sua esposa, a escultora Helena Sardeau Biddle. Essas obras de arte constituem oferta do governo dos Estados Unidos da América ao Brasil e foram inauguradas no dia 8dez1942. As escadas internas são de mármore com gradil de proteção em bronze com tratamento de pátina preta e friso formando o corrimão em latão dourado polido. No patamar do lance de escada entre o segundo e o terceiro andar, localiza-se o busto em mármore de D. João VI, esculpido em Roma, em 1814, por Leão Biglioschi e que pertenceu à Real Biblioteca. Sob a clarabóia em vitral colorido, do saguão, e como que a sustentando, vêem-se 12 cariátides em gesso.Todo o conjunto do edifício é encimado por quatro clarabóias com vitral colorido; uma no zimbório central sobre o saguão; uma sobre a ala lateral dos armazéns de livros (à esquerda); outra sobre a ala lateral dos armazéns de periódicos (à direita), a quarta localiza-se sobre o salão da Divisão de Obras Raras. São dignos de nota os painéis assinados por artistas de renome, que decoram o terceiro e o quarto pavimentos. No terceiro, na Divisão de Obras Raras, antigo salão geral de leitura, encontram-se painéis de Rodolfo Amoedo, A Memória e A Reflexão, e de Modesto Brocos, A Imaginação e A Observação. No quarto andar, onde se localiza o Gabinete da Presidência, encontram-se mais quatro painéis, dois de Henrique Bernardelli, O Domínio do Homem sobre as Forças da Natureza e A Luta pela Liberdade, e dois de Eliseu Visconti, O Progresso e A Solidariedade Humana. Em espaço do andar térreo (ou primeiro andar) com aceso pela Rua México foi inaugurado no ano de 2000 um moderno auditório que levou o nome de Machado de Assis e uma galeria para exposições com os requisitos ideais de luz e temperatura. Esse espaço foi inaugurado com a magnífica exposição "Brasil 500 anos na Biblioteca Nacional.
AS PINTURAS DE ELISEU VISCONTI NO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO. O PANO DE BOCA, O TETO SOBRE A PLATÉIA E O FRISO SOBRE O PALCO FORAM EXECUTADOS EM PARIS, ENTRE 1905 E 1907. OS PAINÉIS DA SALA DE ESPERA (FOYER) TAMBÉM FORAM EXECUTADOS EM PARIS, ENTRE 1913 E 1915.
O início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do país: a transferência da rainha D. Maria I, de D. João, Príncipe Regente, de toda a família real e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte, em 1808. O acervo trazido para o Brasil, de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. A 29out1810, decreto do Príncipe Regente determina que no lugar que serviu de catacumba aos religiosos do Carmo se erija e acomode a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido estabelecimento.
Eliseu Visconti - Maternidade
A data de 29out1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814. Quando, em 1821, a Família Real regressou a Portugal, D. João VI levou de volta grande parte dos manuscritos do acervo. Depois da proclamação da independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil foi regulada mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29ago1825.
Administrativamente a Biblioteca Nacional esteve subordinada ao antigo Ministério do Interior e Justiça, depois ao Ministério da Educação e Saúde. Com a criação do Ministério da Saúde, ela passou integrar o Ministério da Educação e Cultura. Em 1981, o órgão passou à administração indireta, fazendo parte da Fundação Nacional Pró-Memória, até o ano de 1984, quando, junto com o Instituto Nacional do Livro, passou a constituir a Fundação Nacional Pró-Leitura. Em 1990 a Biblioteca Nacional, com sua biblioteca subordinada, a Euclides da Cunha, do Rio de Janeiro, e o Instituto Nacional do Livro, com sua Biblioteca Demonstrativa, de Brasília, passaram a constituir a Fundação Biblioteca Nacional (FBN). A partir de 2004, através do seu atual estatuto, Decreto n. 5.038 de 7abr2004, é composta por um Presidente, nomeado pelo presidente da República, um diretor executivo, e seis Diretores à frente de dois centros: Centro de Processos Técnicos e Centro de Referência e Difusão e quatro Coordenadorias-gerais: de Planejamento e Administração, Pesquisa e Editoração, Livro e Leitura e Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. A FBN possui ainda um Escritório de Direitos Autorais para registro e averbação de direitos de autor e também é a Agência Nacional do ISBN (International Standard Book Number). Como tal, ela coordena e incentiva o uso do sistema internacional de numeração de livros e atribui códigos às editoras e às publicações nacionais para efeito de divulgação e comercialização.
A Fundação Biblioteca Nacional é a única beneficiária da Lei 10.994 de 14dez2004, que dispõe sobre a remessa de obras à Biblioteca Nacional. O principal objetivo da lei do Depósito Legal é assegurar o registro e a guarda da produção intelectual nacional, além de possibilitar o controle, a elaboração e a divulgação da Bibliografia Brasileira corrente, bem como a defesa e a preservação da língua e da cultura nacionais. Hoje, para efeito de Depósito Legal, entende-se por publicação toda obra registrada, em qualquer suporte físico, destinada à venda ou distribuição gratuita. É através do cumprimento da lei do Depósito Legal, que a Biblioteca Nacional, ao receber um exemplar do que se publica no Brasil, vai-se tornado a guardiã da memória gráfica brasileira.
A lei do Depósito Legal é o mais poderoso auxiliar da Biblioteca Nacional no cumprimento de sua finalidade de proporcionar a informação cultural nas diferentes áreas do conhecimento humano com base na produção intelectual brasileira e nas obras mais significativas da cultura estrangeira, que constituem o sempre crescente acervo bibliográfico e hemerográfico, cujo conjunto lhe cumpre preservar. Insere-se a Biblioteca no conceito de nacional, em contraposição ao de pública por apresentar as seguintes características: ser beneficiária do instituto do Depósito Legal; possuir mecanismo estruturado para compra de material bibliográfico no exterior a fim de reunir uma coleção de obras estrangeiras, nas quais se incluam livros relativos ao Brasil ou de interesse para o país; elabora e divulga a bibliografia brasileira corrente através dos Catálogos em linha, disponíveis no Portal Institucional (www.bn.br); é também o centro nacional de permuta bibliográfica, em âmbito nacional e internacional.
Sob o novo estatuto de Fundação, a Biblioteca Nacional ampliou seu campo de atuação, passando a coordenar as estratégias fundamentais para o entrelaçamento de três dos mais importantes alicerces da cultura brasileira: biblioteca, livro e leitura. Assim a instituição coordena o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e a política de incentivo à leitura através do Proler.
Para garantir a manutenção de seu acervo, a FBN possui laboratórios de restauração e conservação de papel, estando apta a restaurar, dentro das mais modernas técnicas, qualquer peça do acervo que precisar desse serviço. Possui também oficina de encadernação e centro de microfilmagem, fotografia e digitalização. Nessa área de conservação de acervo, a Biblioteca Nacional desenvolve dois planos: O Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, com uma rede de núcleos estaduais de microfilmagem com vistas à preservação de toda produção jornalística do país e o Plano Nacional de Restauração de Obras Raras, cujo objetivo é identificar e recuperar obras raras existentes, não só na Biblioteca Nacional, como em outras bibliotecas e acervos bibliográficos do país. Com vistas a consolidar a inserção da Fundação Biblioteca Nacional na sociedade da informação, foi lançado o Portal Institucional (www.bn.br), permitindo o acesso aos Catálogos em linha. Em 2006 foi criada a Biblioteca Nacional Digital concebida de forma ampla como um ambiente onde estão integradas todas as coleções digitalizadas colocando a Fundação Biblioteca Nacional na vanguarda das bibliotecas da América Latina e igualando-a às maiores bibliotecas do mundo no processo de digitalização de acervos e acesso às obras e aos serviços, via Internet.
Entre as coleções incorporadas ao acervo da Biblioteca Nacional devem ser mencionadas pelo seu valor histórico e preciosidades as seguintes, entre muitas outras:
Coleção Barbosa Machado.
Doada pelo ilustre bibliófilo, formada de 4.300 obras em 5.764 volumes. Além de livros, possui estampas e mapas. Barbosa Machado reuniu preciosa coleção de folhetos raros relacionados com a História do Brasil e de Portugal e, reduzindo-os a um só formato para constituir uma coleção de 85 volumes doou-os, como o resto de sua biblioteca e com outras coleções factícias, à Real Biblioteca da Ajuda.
Coleção Conde da Barca ou Coleção Araujense.
Adquirida em leilão em 1819, dois anos após a morte de seu proprietário, Antônio de Araújo de Azevedo, Conde da Barca. É constituída de 2.365 obras em 6.329 volumes, em sua maior parte dos séculos XVIII e XVII. Pertence a essa coleção o conjunto de estampas Le Grand Théâtre de l’Univers, reunido em 125 grandes volumes.
Coleção De Angelis.
Adquirida em 1853 a Pedro de Angelis, político e bibliófilo napolitano, naturalizado argentino. Possui 1.717 obras em 2.747 volumes e 1.295 manuscritos. É do maior interesse para a história da Província Jesuítica do Paraguai e das questões de limites na região do Prata.
Coleção Salvador de Mendonça.
Doada por Salvador de Mendonça, cônsul do Brasil em Nova York, em 1884. Constituem-na 122 obras em 215 volumes, sete manuscritos e numerosas estampas. Destaca-se, no conjunto, o material referente ao Domínio Holandês no Brasil, composto de peças da maior raridade, impressas no século XVII.
Coleção José Antônio Marques.
Entre 1889 e 1890, a Biblioteca Nacional recebeu de João Antônio Marques uma opulenta coleção formada de 3.920 obras em 6.309 volumes e alguns manuscritos relativos ao Brasil Colônia. Incluem-se na coleção 323 volumes de edições camonianas, entre as quais a edição de Os Lusíadas, de 1584, chamada «dos piscos», considerada raríssima.
Coleção Thereza Christina Maria.
Doada em 1891 pelo ex-Imperador D. Pedro II com o desejo expresso de que conservasse o nome da Imperatriz. É composta de 48.236 volumes encadernados e inúmeras brochuras, sem contar folhetos avulsos, fascículos de várias revistas literárias e científicas, estampas, fotografias, partituras musicais e mais de mil mapas geográficos impressos e manuscritos. Dão cunho especial a essa importante coleção, a maior recebida pela biblioteca em todos os tempos, as numerosas dedicatórias autografadas dos autores ao Imperador e à Imperatriz.
Coleção Wallenstein.
Constituía o arquivo do diplomata russo Henri Jules Wallenstein. Com 2.800 documentos, constitui um acervo da maior importância para a história política, social e econômica do Brasil no século XIX, sobretudo para o período da Regência.
Coleção Benedito Otoni.
Pertenceu ao colecionador e bibliófilo José Carlos Rodrigues. Por ocasião de sua venda pública, foi adquirida pelo Dr. Júlio Benedito Otoni, que a doou integralmente à Biblioteca Nacional, em 1911.
Arquivo da Casa dos Contos.
Com cerca de 50.000 documentos e muitos códices, a coleção é proveniente da antiga Casa dos Contos de Ouro Preto e se completa com duas outras da mesma procedência que se encontram, uma no Arquivo Nacional e outra no Arquivo Público de Minas Gerais. Compreende documentos da administração de Minas nos séculos XVIII e XIX, com precioso material para o estudo da história da mineração, quintos, contrabando de ouro e diamantes, bandeiras e da Inconfidência Mineira.
Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira.
Documentação fartamente ilustrada com desenhos aquarelados de Joaquim José Codina e José Joaquim Freire, produzida pelo naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira relativa à viagem que empreendeu, por ordem de D. Maria I, pelas Capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, entre 1783 e 1792. Alfredo do Vale Cabral descreve 51 códices e 11 documentos apensos, pertencentes ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Biblioteca Abraão de Carvalho.
Em 1953 recebeu a Divisão de Música e Arquivo Sonoro a biblioteca musical de Abraão de Carvalho adquirida pelo Governo Federal e composta de 17.000 peças. A coleção é rica em partituras e obras sobre música, algumas raras dos séculos XVII e XVIII.
Dentro do acervo precioso da Fundação Biblioteca Nacional merecem especial destaque:
- Evangeliário, século XI–XII. Exemplar em pergaminho com textos, em grego, dos quatro evangelhos. Letra semi-uncial. É o mais antigo manuscrito da Biblioteca Nacional.
- Livro de Horas, século XV. Em latim. Letra gótica. Pergaminho. Iniciais decoradas a ouro e cores. Contém treze miniaturas de página inteira e quatro menores, algumas com vistas do Louvre e de Montmartre. Encadernação do século XVI, em couro, com motivos geométricos ornamentando as duas capas. Calendário em francês.
- Códices sobre administração colonial. Conjunto de atos dos governadores e capitães-gerais e dos vice-reis, incluindo correspondência com a Corte. Séculos XVII–XVIII.
- Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na América Meridional (1749). Desse mapa se serviram os representantes de Portugal e Espanha para a delimitação dos domínios dos dois reinos ibéricos na América do Sul, pelo Tratado de Madrid de 1750. Traz no verso nota explicativa assinada pelo Visconde Tomás da Silva Teles, Embaixador de Portugal em Madrid, e por José Carbajal y Alencaster, Ministro da Espanha.
- Partituras originais das óperas de Carlos Gomes: O Guarani, Fosca, Maria Tudor, Salvador Rosa.
- Bíblia de Mogúncia (Bíblia Latina), Johann Fust e Peter Schoeffer, «in vigília assumpcõis gl’ose virginis Marie», 14ago1462, 2v. A Biblioteca Nacional possui dois exemplares. A Bíblia de Mogúncia é o primeiro impresso que contém data, lugar de impressão e nome do impressor no colofão. Pergaminho, com letras capitais feitas a mão com tinta azul e vermelha.
- Grammatica da Língua Portuguesa com os Mandamentos da Santa Madre Igreja. Lisboa, 1539. Trata-se da cartilha que precede a Gramática propriamente dita de João de Barros. É provavelmente o primeiro livro com ilustrações em xilogravuras, de caráter didático. Esse exemplar da «Cartinha» é exemplar único no mundo.
- Os Lusíadas, de Luís de Camões, Lisboa, 1572. Com a data de 1572 existem duas edições de Os Lusíadas. Numa delas o 7º verso da primeira estância do Canto I é «Entre gente remota edificaram», em outra, considerada realmente a primeira, o verso é «E entre gente remota edificaram». A Biblioteca Nacional possui a edição chamada Edição E e, ou seja a primeira das duas de 1572.
- Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas..., de André João Antonil. Lisboa 1711. Conhecem-se apenas seis exemplares dessa obra, apreendida pelo Governo Português, porque divulgava riquezas do Brasil e o caminho para as minas de ouro recém-descobertas.
- Relação da entrada que fez o excelentíssimo e reverendíssimo senhor D. Fr. Antonio do Desterro Malheyro, Bispo do Rio de Janeiro em o primeiro dia deste presente anno de 1749... Folheto de autoria de Luís Antônio Rosado da Cunha, considerado a primeira obra impressa no Brasil.(Rio de Janeiro, na Segunda Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Anno de MDCCXLVII). Embora o início da imprensa no Brasil date, oficialmente, de 1808, este documento prova que tal atividade já havia sido exercida anteriormente.
- Messiah an oratorio in scores as it was originally perfor’d de Handel. Exemplar da primeira edição do Messias, de Haendel, publicada em Londres em meados do século XVIII.
- Il dissoluto punto o sia Don Giovann, de Mozart. Exemplar da primeira edição da famosa ópera publicada em Leipzig, em 1801.
- Correio Brasiliense, primeiro jornal brasileiro. Publicado em Londres de 1808 a 1822 por Hipólito José da Costa. Defendia a união monárquico-constitucional do Império Luso-Brasileiro, só aderindo à Independência em julho de 1822. Combatia a opressão, a corrupção e a ignorância. É uma fonte para estudos históricos, políticos, sociais econômicos e literários.
- Estampas originais de famosos mestres das escolas européias, destacando-se, entre muitos, Albrecht Dürer, Stefano della Bella, Jacques Callot, Marco Antonio Raimondi e Manuel Marques Aguiar. Estampas originais de artistas brasileiros, como: Osvaldo Goeldi, Carlos Oswald, Iberê Camargo e outros.
- Estampas dos gravadores portugueses da Oficina Tipográfica, Calcográfica e Literária do Arco do Cego, de Lisboa. A FBN possui muitas das chapas originais em cobre. Em 1858 a biblioteca foi instalada num prédio na Rua do Passeio, onde hoje se encontra a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1902, no número 24 dos Anais da Biblioteca Nacional, o Diretor Manuel Cícero Peregrino da Silva expunha a seus superiores, em relatório anual, a necessidade de um prédio novo para acolher o sempre crescente acervo da Biblioteca Nacional.
O prédio atual da Fundação Biblioteca Nacional teve sua pedra fundamental lançada em 15ago1905 e foi inaugurado cinco anos depois, em 29out1910. O prédio foi projetado pelo General Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, e a construção foi dirigida pelos engenheiros Napoleão Muniz Freire e Alberto de Faria. Integrado à arquitetura da recém-aberta Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, o prédio é de estilo eclético, em que se misturam elementos neoclássicos. As instalações do novo edifício correspondiam na época de sua inauguração a todas as exigências técnicas: pisos de vidro nos armazéns, armações e estantes de aço com capacidade para 400.000 volumes, amplos salões e tubos pneumáticos para transporte de livros dos armazéns para os salões de leitura. Em meio à fachada principal, o edifício possui um pórtico com seis colunas coríntias, que sustentam o frontão ornamentado por um grupo em bronze, tendo ao centro a figura da República, ladeada por alegorias da Imprensa, Bibliografia, Paleografia, Cartografia, Iconografia e Numismática. O conjunto foi executado de acordo com maquete do artista nacional Modesto Brocos. Do lado direito da Portada, uma estátua de bronze, de Corrêa Lima, representa a Inteligência; uma outra, do lado esquerdo, da autoria de Rodolfo Bernardelli, representa o Estudo. Na parte superior da fachada, de cada lado do tímpano, vêem-se, em bronze, os anos da fundação da Biblioteca MDCCCX, e da inauguração do prédio, MCMX. No saguão há, à direita e à esquerda, dois painéis do pintor norte-americano George Bidddle e dois baixos-relevos em bronze de sua esposa, a escultora Helena Sardeau Biddle. Essas obras de arte constituem oferta do governo dos Estados Unidos da América ao Brasil e foram inauguradas no dia 8dez1942. As escadas internas são de mármore com gradil de proteção em bronze com tratamento de pátina preta e friso formando o corrimão em latão dourado polido. No patamar do lance de escada entre o segundo e o terceiro andar, localiza-se o busto em mármore de D. João VI, esculpido em Roma, em 1814, por Leão Biglioschi e que pertenceu à Real Biblioteca. Sob a clarabóia em vitral colorido, do saguão, e como que a sustentando, vêem-se 12 cariátides em gesso.Todo o conjunto do edifício é encimado por quatro clarabóias com vitral colorido; uma no zimbório central sobre o saguão; uma sobre a ala lateral dos armazéns de livros (à esquerda); outra sobre a ala lateral dos armazéns de periódicos (à direita), a quarta localiza-se sobre o salão da Divisão de Obras Raras. São dignos de nota os painéis assinados por artistas de renome, que decoram o terceiro e o quarto pavimentos. No terceiro, na Divisão de Obras Raras, antigo salão geral de leitura, encontram-se painéis de Rodolfo Amoedo, A Memória e A Reflexão, e de Modesto Brocos, A Imaginação e A Observação. No quarto andar, onde se localiza o Gabinete da Presidência, encontram-se mais quatro painéis, dois de Henrique Bernardelli, O Domínio do Homem sobre as Forças da Natureza e A Luta pela Liberdade, e dois de Eliseu Visconti, O Progresso e A Solidariedade Humana. Em espaço do andar térreo (ou primeiro andar) com aceso pela Rua México foi inaugurado no ano de 2000 um moderno auditório que levou o nome de Machado de Assis e uma galeria para exposições com os requisitos ideais de luz e temperatura. Esse espaço foi inaugurado com a magnífica exposição "Brasil 500 anos na Biblioteca Nacional.
AS PINTURAS DE ELISEU VISCONTI NO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO. O PANO DE BOCA, O TETO SOBRE A PLATÉIA E O FRISO SOBRE O PALCO FORAM EXECUTADOS EM PARIS, ENTRE 1905 E 1907. OS PAINÉIS DA SALA DE ESPERA (FOYER) TAMBÉM FORAM EXECUTADOS EM PARIS, ENTRE 1913 E 1915.
Rob Gonsalves - Pintor Canadense
É um pintor canadiano de realismo mágico. Nasceu em Toronto, Canadá, em 1959.
Influenciado por Dalí pretende juntar numa só imagem a realidade e a imaginação.
O certo é que o seu trabalho é inquietantemente incrível nele persistem os mundos que apenas vemos em sonhos, os pesadelos que às vezes se nos depara viver.
O realismo mágico em estampas para colecionar, para contemplar uma e outra vez até mergulharmos numa realidade que só existe na imagem ou dentro do teu cérebro?
Se és admirador da arte de Salvador Dalí, Magritte, Frida Khalo ou M.C. Escher, vais gostar do trabalho deste pintor, Rob Gonsalves.
É um estilo surrealista que mistura principalmente o trabalho de Magritte com o de MC Escher.
Vejam com atenção e desfrutem destas obras maravilhosas.
Rob Gonsalves é um pintor canadense de realismo mágico. Seus pais eram ciganos romenos que viajou de um lugar para outro na Roménia. Depois de 15 anos que obtiveram dinheiro para viajar para o Canadá. Então, ele nasceu em Toronto, Ontário em 1959. Ele ganhou em 2005 o Prêmio Governador-Geral em Literatura Infantil - categoria Ilustração para imaginar um dia. Ele é também um excelente guitarrista. Durante sua infância, Gonsalves desenvolveu um interesse na elaboração da imaginação utilizando diversos meios de comunicação. Aos doze anos, a sua consciência de arquitetura cresceu quando ele se inclinou técnicas de perspectiva e começou a fazer suas primeiras pinturas e prestações de edifícios imaginado. Após uma introdução aos artistas Dalí e Tanguy, Gonsalves começou suas primeiras pinturas surrealistas. O "Magic Realism" abordagem de Magritte, juntamente com as ilusões de perspectiva precisas de Escher chegou a ser influências em seu trabalho futuro. Em seus anos da faculdade do borne, Gonsalves trabalhou em tempo integral como um arquiteto, também de pintura trompe-l'oeil murais e cenários de teatro. Depois de uma resposta entusiástica em 1990 na Exposição de Arte Toronto exterior, Gonçalves dedicou-se à pintura a tempo inteiro. Embora o trabalho de Gonsalves é muitas vezes classificada como surrealista, ela difere devido ao fato de que as imagens são deliberadamente planejado e resultam de pensamento consciente. As idéias são em grande parte gerado pelo mundo externo e envolvem atividades humanas reconhecíveis, usando dispositivos ilusionistas cuidadosamente planejadas. Gonsalves injeta um sentido de magia em cenas realistas. Como resultado, o "realismo mágico" termo descreve seu trabalho com precisão. Seu trabalho é uma tentativa de representar os seres humanos desejam acreditar no impossível. Várias pessoas ao redor do mundo, empresas, embaixadas, e um senador dos Estados Unidos recolher trabalhos de Gonsalves original, e cópias da edição limitada. Rob Gonsalves expôs no Art Expo New York e Los Angeles, Atlanta e Decoração Las Vegas, o Fórum de Belas Artes, bem como exposições individuais no Discovery Galerias, Ltd., Hudson River Galeria de Arte, Galeria e Caleidoscópio. Em junho de 2003, Simon & Schuster introduzido na América do Norte e Canadá para Imagine uma noite, o livro de capa dura de Gonsalves primeiro com 16 quadros. Devido ao sucesso do Imagine uma noite, Simon & Schuster lançou um segundo livro, imaginar um dia, em 2004. Atualmente é também centrado na produção de obras que se dedicam para o livro ainda a ser lançado, 'Basic Reading For Dummies'.